Teckelenburgueses vem
para Teutônia. Pastor Kleingünther escreve de Porto Alegre no dia 2 de agosto
de 1868, para o Pastor Hunsche, Linha Nova, o seguinte: 'Na sexta-feira, há 14
dias, vieram aqui os tão longamente esperados agricultores. São 41 pessoas
juntamente com o professor Behne ao lado de sua esposa e seus dois filhos. O
quão intensamente eu me alegrara ao poder receber e oferecer a minha mão de
irmão a estas pessoas tão queridas, da inesquecível Tecklenburg, certamente nem
saberia descrever-lhe aqui. Mas, por outro lado, maior ainda foi a alegria
deles ao ver a minha presença. Em meio ao maior júbilo eles me estendiam a mão,
e um bom tempo passou até que todos novamente se acalmaram de toda esta
euforia. E, o perguntar, os cumprimentos e a admiração não cessaram. Somente
com a chegada da noite toda esta confusão teve o seu fim. Na manhã seguinte,
pude observar as mesmas cenas do dia anterior, tive que permanecer entre eles o
dia todo. Foi, no entanto, na manhã de domingo que tive a grande alegria; pude
ver a todos nos bancos da igreja e, à tarde, os homens vieram ter comigo na
sala de minha casa. Também realizei o casamento de dois pares de noivos que em
Hamburgo não encontraram tempo para isto. Na terça de manhã eles navegaram para
Taquari e de lá foram para a colônia particular de Teutônia. Eu não possuo
cartas de lá, mas sei que foram felizes em sua chegada e foram bem recebidos.
Espero que, apesar das dificuldades e amargores encontrados no início desta
jornada, estas queridas pessoas possam ter sido felizes e também espero que
possam ter tido um futuro sem problemas'.
Numa outra carta do
dia 8 de dezembro de 1868, dizia: 'Nossos agricultores de Teutônia estão bem.
Há três semanas eu fui visitá-los. Espero que estas queridas pessoas continuem,
no futuro, a gostar da mesma maneira do Brasil, caso contrário, jamais poderei
retornar a Tecklenburg, pois os agricultores de lá estão sentidos comigo por
lhes ter tirado estas pessoas. Mas, isto não me interessa muito, o que importa
mesmo é pensar no bem-estar deles'.
Carta do dia 2 de
fevereiro de 1869: 'Dos agricultores de Teutônia eu recebo somente notícias
boas. Eles estão se sentindo bem aqui no Brasil. Isto me alegra, uma vez que na
Alemanha dizem que eu os forcei a virem para o Brasil. Mas esta não é a
verdade. Somente narrei e mostrei-lhes as relações de amizade que existem e
deixei-os livres para escolherem. Tenho hoje ainda a surpresa em saber que
estes agricultores estão melhor aqui do que em sua velha Pátria. Disso também
falam – o Professor Behne assim o diz. Apesar das dificuldades aqui encontradas,
estas pessoas reconhecem que suas vidas aqui são mais fáceis. Um deles escreve
para a Alemanha: 'Vocês dizem que nós aqui entramos na escravidão, no entanto,
eu saí da escravidão ao deixar a Alemanha, pois o Senhor Heuermann é um,
verdadeiro escravo. Aqui sou dono de minha vida'. Assim podemos ler em cartas.
Tudo isto faz com que o meu relacionamento com os tecklenburger e perante os
pastores seja mais ameno'.
Numa carta do mesmo
ano, 1869, escreve: 'Após longa mas bem sucedida viagem, vieram 35 tecklenburger
ao Brasil. Eu os recebi e, à tarde, convidei-os para virem na minha casa para
que pudessem contar as novidades da Pátria. Foi uma conversa muito, muito
longa. Os agricultores me deram trabalho, mas também proporcionaram-me grandes
alegrias. No domingo, todos vieram à igreja. Tanto a mim como a eles fez bem
poder ouvir a Palavra de Deus frente a tantos amigos e conhecidos. Por este
motivo fico triste em saber que na Teutônia eles ainda não têm igreja e ainda
terão que esperar tanto tempo por seus cultos'.
Na carta do dia 11 de
outubro de 1869: 'Ontem, há 8 dias, mais 27 tecklenburger vieram para Teutônia.
Mais 97 estão a caminho e serão por nós esperados ainda neste mês. Dessa
maneira a Teutônia já está uma verdadeira colônia. Os westfalianos já são elogiados
aqui na cidade. Para um tecklenburger como eu, é uma grande satisfação poder
ouvir: 'Os seus agricultores são os melhores e mais trabalhadores que aqui já
recebermos''.
Dia 9 de dezembro de
1870, ele escreve: 'Estou voltando de uma viagem do Taquari e recebi
informações de que os tecklenbuger estão todos bem. Os últimos imigrantes
vieram tarde demais, de maneiras que não puderam mais fazer o plantio. Por
isso, passaram por grandes dificuldades. O que é irritante é que entre estes
últimos imigrantes há que trazem para o professor muitas dificuldades. São
preguiçosos e falam mal do Brasil. Umas pessoas assim não progridem, é
facilmente entendível'.
(Extraído da Folha
Dominical n° 34 de 25.08.1957)
(Livro/Fonte: Guido Lang. Colônia Teutônia – História
e Crônica: 1858-1908, São Leopoldo, Sinodal, págs. 50 e 51).
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