segunda-feira, 5 de outubro de 2015

O histórico fora


O esporte amador, nos idos de 1950 a 1980, contraía evidência e paixão. As folgas, na distração, alastraram prática. As agremiações, em ressalvas, caíam no conjugado das linhas. Apontadas famílias, na ampla cifra de filhos, poderiam instituir equipes. Os moços, na alta natalidade, sobravam nos times. A memória oral, nas distintas narrações, abriga caso das iniciais transmissões. O Zeno, no bem-conceituado arqueiro (Grêmio Catarinense e Boa Vista), rejeitou fraca bola. O frango, na casualidade, incidiu no acanhado arremesso. O locutor, na rádio (Alto Taquari/Estrela/RS), anunciou: “A bola de couro, no chute fraco, advém na goleira. Agarra Zeno!”. O Zeno, na extraordinária curiosidade, ousara escutar a narração. A lisa bola, na bobeada e escorregada, atravessou goleira. O narrador, no baque, refez urro: “Oba! A bolota decorreu entre pernas do Zeno! Gooool!”. O estrondoso disparate, no histórico fora, transpôs em relatos. A expressão, no “agarra Zeno”, imortalizou-se no desporto colonial. A vida, no ente, consagra artifícios e surpresas.

Guido Lang
“Fragmentos de Sabedoria”

Crédito da imagem: http://bolasdefuteboll.blogspot.com.br/

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