Os religiosos, padres e pastores, precisam fazer apontamentos das suas
atividades pastorais. Estes registram para as comunidades, os batismos, casamentos
e óbitos, que, num primeiro momento, assemelham-se a um amontoado de datas e
nomes. Os estudos criteriosos, num segundo passo, revelam preciosos subsídios
históricos, que são primordiais para conhecer a evolução comunitária, resgatar
elementos da identidade histórico – cultural e reaver elementos da genealogia.
A população colonial não possuía o hábito de registrar sua história,
que, no máximo, incorria nos perigos dos equívocos da tradição oral. Os
moradores rurais mantiveram-se preocupadíssimos com as atividades
agropecuárias, que lhes asseguravam e ofereciam dignidade e sobrevivência.
Outras atividades produtivas, junto às criações e plantações, constituíam-se
nalgum trabalho da indústria artesanal, que pudesse exprimir nalguma
especialização e vocação artesanal assim como complementar os rendimentos. A
prática da leitura e atividades literárias esporadicamente ganharam algum
espaço, quando lia-se (almanaques, anuários e jornais) e escrevia-se alguma
correspondência. Os esporádicos registros, com a passagem dos anos e gerações,
acabaram extraviados e perdidos. Muitas comunidades interioranas praticamente
não possuem registros da evolução histórica, porque apontamentos e atas das
entidades culturais - recreativas e famílias, igualmente acabaram desaparecendo
e perecendo em meio à mentalidade progressista e renovadora.
As recentes pesquisas históricas, dentro da abordagem da História das
Mentalidades, ganham destaque e expressam o estudo dos grupos minoritários que,
por exemplo, podem ser colonos, presidiários, prostitutas, sindicalistas, etc.
Os micro-historiadores, estudiosos de assuntos aparentemente insignificantes da
história, englobam-se nesta linha de pesquisa, quando ampliam e aprofundam os
conhecimentos e informações de comunidades (religiosas e rurais) e grupos
minoritários. Estes, juntamente com os genealogistas, recorrem à
correspondência, diários, entrevistas, escrituras, registros pastorais,
relatos, para encontrarem fontes e subsídios históricos, que possam elucidar e
enriquecer as pesquisas. Os registros pastorais, devido à escassez de fontes
primárias, ganham importância, pois as anotações de batismos, casamentos e
óbitos acabam sendo estudadas minuciosamente.
Os livros de registros comunitários encontram-se geralmente nas
comunidades religiosas, aos quais os genealogistas e micro-historiadores
recorrem. Os estudiosos e pesquisadores passam a ler e anotar os dados que
relacionam-se as datas dos ofícios, locais dos eventos, nome e paternidade dos
envolvidos, testemunhas dos acontecimentos, observações diversas (como exemplo:
data de imigração, números de filhos, nome da esposa, participação na vida
comunitária), etc. Os dados e informações, analisados e listados, no seu
conjunto, oferecem valiosos subsídios, que acabam espelhando a realidade
comunitária e familiar. Os estudiosos listam as diversas anotações, que
facilitam enormemente a análise e compreensão dos acontecimentos. A
preciosidade dos registros amplia-se à medida que os religiosos forem
criteriosos nos seus apontamentos. Estes indivíduos, veículos da palavra
divina, deveriam receber algumas orientações dos estudiosos, nas quais
aprofundassem a clareza e o teor dos seus registros. Apontamentos estes, no
futuro ‘’tão valiosos como o ouro e a prata’’, pois complementam e postergam o
auxílio pastoral prestado aos membros.
A importância dos registros pastorais, na atualidade, ganha tamanha
envergadura e espaço, que passa a existir a preocupação de reuni-los em
disquetes e livros. A finalidade é facilitar o acesso dos estudiosos e
resguardá-los do extravio. Sínteses e resumos dos dados são elaborados em artigos,
que acabam publicados em jornais e revistas, a fim de ampliar os estudos da
genealogia e história regional.
Os registros comunitários - pastorais, portanto, são relíquias
histórico-comunitárias, guardam e preservam as escassas informações de
numerosas comunidades, famílias e grupos sociais. Estes ‘’tesouros escondidos’’
precisam receber a máxima atenção e resguardo, pois não podem ser consumidos
pela ação do descuido e do tempo. Os registros precisam ser preenchidos com
conhecimentos e zelo, pois amanhã, completarão as informações de documentos e
jornais. O conjunto de escritos formam os subsídios históricos que guardarão os
nossos momentos históricos e a vida do esquecimento e insignificância. As
pesquisas bibliográficas, nestas preciosas fontes, ganham atenção e espaço à
medida que as atuais gerações interrogam-se do seu passado e questionam-se do
real sentido da vida. Esta trajetória terrena não pode restringir-se ao
‘’consumismo barato’’. Os valores do conhecimento e espírito demostram nossa
grandeza espiritual, que supera a mera dimensão terrena e aproxima-nos, através
da fé, da grandeza e sabedoria divinas.
(Fonte: Guido Lang, Anuário
Evangélico, Ano 1996, pág. 137 e 139)
Nenhum comentário:
Postar um comentário