A Colônia Teutônia
teve pastores, que marcaram época na história regional. Destacaram-se pela
liderança e influência no meio colonial. Constituíam-se em consultas
obrigatórias na proporção de haver problemas familiares e desavenças
comunitárias. Cita-se, ao lado de Johann Friedrich Wilhelm Kleingüther, Gustav
Adolf von Grafen, Heinrich Beckmann e Wilhelm Hasenack, a figura de Ferdinand
Häuser.
Häuser era natural de
Herborn/Nassau/Prússia, casou-se com Auguste Nasblech (natural de Bermen/Reno);
teve, em Teutônia, os filhos: Lydia (nascida em 21.06.1877), Carl Peter
Immanuel (nascido em 01.03.1879), Finalheus (nascido em 18.08.1880), Julius
Wille Carl (nascido em 10.06.1882) e Frida Johanna (nascida em 19.05.1884).
A atuação pastoral
ostentou-se vasta. Ele, em 08.05.1873, foi destacado pelo pré-sínodo para atuar
na Colônia Teutônia. Iniciou, em 11.05.1873, o pastorado em
Teutônia. Batizou, no seu primeiro culto, Heinrich Phillipp Carl
Sommer (nascido em 08.01.1873 como filho do colono Ernst Heinrich Wilhelm
Sommer e Maria Frederika Elisabetha Hachmann – naturais de
Lengerich/Westfália).
Efetuou, conforme
Livro de Batismos e Casamentos da Comunidade Evangélica Paz de Teutônia, um
total de 2522 batizados e 378 casamentos, que estendiam-se pela região do Vale
do Taquari. Atuou, entre outras principiantes comunidades, em
Conventos Vermelho (atual Roca Sales), Santa Clara, Forqueta, Santa Emília,
Nova Berlim, Azevedo Castro, São Caetano, Colônia Conde D’Eu, Santo Amaro,
Arroio da Seca, Brochier, Maratá, Costa da Serra, Ano Bom, Estrela e Teutônia.
Possuía, conforme estatística de Klaus Becker em “A fundação e os primeiros 30
anos de Teutônia”, um total, em 1888, de 285 famílias e aproximados 1900 almas
(membros em suas comunidades).
O mérito do pastorado
está no fato de ser, como sucessor de Johann Wilhelm Kleingüther, o primeiro
pastor formado (instalado na Colônia Teutônia). Atribui-se a ele a fundação, em
01.05.1873, da Comunidade Evangélica de Estrela (atendeu-a até o ano de 1888).
Realizou inicialmente os ofícios religiosos em casas de família e escolas
comunitárias. O templo da Comunidade Evangélica Paz (Teutônia), em 08.04.1888,
foi concluído. Lançou-se a pedra fundamental em 1885.
Häuser, conforme
Carlos Hunsche no livro “Pastor Heinrich Wilhelm Hunsche e os Começos da Igreja
Evangélica no Sul do Brasil” – pág. 189 -190, foi, em 19 e 20 de maio de 1886,
um dos fundadores. Este, junto com o idealizador Pastor Wilhelm Rotermund
(1843-1925), do 2° Sínodo Rio-grandense (na reunião sinodal ou pré-sínodo).
Ele, juntamente com o presbítero N. Hünther, teriam representado a Comunidade
Evangélica Paz. Ela, com as comunidades evangélicas de Santa Maria da Boca do
Monte, Santa Cruz, São Sebastião do Caí, Mundo Novo (atual Taquara) e São
Leopoldo, foi uma das fundadoras, em São Leopoldo, do novo Sínodo
Rio-grandense. Esta entidade reuniria as comunidades de confissão evangélica
luterana.
Ferdinand adoeceu e
em 01.06.1890, foi sucedido pelo pastor Wilhelm Hasenack. Realizou, em
22.02.1890, sua última atividade pastoral na Costa da Serra/Taquari (matrimônio
de Miguel Nunes da Silva e Clorinda Benta da Silva). Retornou à Alemanha
(desconhece-se outras informações sobre sua trajetória pastoral na Europa).
Häuser deixou
semeadas as “Palavras do Senhor”. Elas encontraram campo fértil e levaram a
formação de várias comunidades. Reuniu, junto com Rotermund, forças para criar
o Sínodo Rio-grandense, que, com a fusão de outros três sínodos, levou a
criação da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB).
Constituiu a Comunidade Evangélica de Estrela, que continua desempenhando a
função de difundir a mensagem do Evangelho. Admira, na atualidade, a disposição
e energia de Häuser. Este atuou em comunidades tão distantes, quando vivia numa
época de precárias estradas e transportes. Constituiu-se em mais uma das fiéis
“ovelhas do Senhor”, que desafiaram obstáculos e a própria vida para levar aos
distantes rincões de Taquari, as “sementes do Evangelho”. Ferdinand, portanto,
mereceria o reconhecimento, pois foi um heroi anônimo (algum nome de rua seria
boa lembrança da sua epopeia pastoral).
Fonte: Guido
Lang, O Informativo de Teutônia, n° 146, dia 10.06.1992, pág.02.
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