terça-feira, 13 de outubro de 2015

O Pastorado de Ferdinand Häuser


A Colônia Teutônia teve pastores, que marcaram época na história regional. Destacaram-se pela liderança e influência no meio colonial. Constituíam-se em consultas obrigatórias na proporção de haver problemas familiares e desavenças comunitárias. Cita-se, ao lado de Johann Friedrich Wilhelm Kleingüther, Gustav Adolf von Grafen, Heinrich Beckmann e Wilhelm Hasenack, a figura de Ferdinand Häuser.
Häuser era natural de Herborn/Nassau/Prússia, casou-se com Auguste Nasblech (natural de Bermen/Reno); teve, em Teutônia, os filhos: Lydia (nascida em 21.06.1877), Carl Peter Immanuel (nascido em 01.03.1879), Finalheus (nascido em 18.08.1880), Julius Wille Carl (nascido em 10.06.1882) e Frida Johanna (nascida em 19.05.1884).
A atuação pastoral ostentou-se vasta. Ele, em 08.05.1873, foi destacado pelo pré-sínodo para atuar na Colônia Teutônia. Iniciou, em 11.05.1873, o pastorado em Teutônia.  Batizou, no seu primeiro culto, Heinrich Phillipp Carl Sommer (nascido em 08.01.1873 como filho do colono Ernst Heinrich Wilhelm Sommer e Maria Frederika Elisabetha Hachmann – naturais de Lengerich/Westfália).
Efetuou, conforme Livro de Batismos e Casamentos da Comunidade Evangélica Paz de Teutônia, um total de 2522 batizados e 378 casamentos, que estendiam-se pela região do Vale do Taquari.  Atuou, entre outras principiantes comunidades, em Conventos Vermelho (atual Roca Sales), Santa Clara, Forqueta, Santa Emília, Nova Berlim, Azevedo Castro, São Caetano, Colônia Conde D’Eu, Santo Amaro, Arroio da Seca, Brochier, Maratá, Costa da Serra, Ano Bom, Estrela e Teutônia. Possuía, conforme estatística de Klaus Becker em “A fundação e os primeiros 30 anos de Teutônia”, um total, em 1888, de 285 famílias e aproximados 1900 almas (membros em suas comunidades).
O mérito do pastorado está no fato de ser, como sucessor de Johann Wilhelm Kleingüther, o primeiro pastor formado (instalado na Colônia Teutônia). Atribui-se a ele a fundação, em 01.05.1873, da Comunidade Evangélica de Estrela (atendeu-a até o ano de 1888). Realizou inicialmente os ofícios religiosos em casas de família e escolas comunitárias. O templo da Comunidade Evangélica Paz (Teutônia), em 08.04.1888, foi concluído. Lançou-se a pedra fundamental em 1885.
Häuser, conforme Carlos Hunsche no livro “Pastor Heinrich Wilhelm Hunsche e os Começos da Igreja Evangélica no Sul do Brasil” – pág. 189 -190, foi, em 19 e 20 de maio de 1886, um dos fundadores. Este, junto com o idealizador Pastor Wilhelm Rotermund (1843-1925), do 2° Sínodo Rio-grandense (na reunião sinodal ou pré-sínodo). Ele, juntamente com o presbítero N. Hünther, teriam representado a Comunidade Evangélica Paz. Ela, com as comunidades evangélicas de Santa Maria da Boca do Monte, Santa Cruz, São Sebastião do Caí, Mundo Novo (atual Taquara) e São Leopoldo, foi uma das fundadoras, em São Leopoldo, do novo Sínodo Rio-grandense. Esta entidade reuniria as comunidades de confissão evangélica luterana.
Ferdinand adoeceu e em 01.06.1890, foi sucedido pelo pastor Wilhelm Hasenack. Realizou, em 22.02.1890, sua última atividade pastoral na Costa da Serra/Taquari (matrimônio de Miguel Nunes da Silva e Clorinda Benta da Silva). Retornou à Alemanha (desconhece-se outras informações sobre sua trajetória pastoral na Europa).
Häuser deixou semeadas as “Palavras do Senhor”. Elas encontraram campo fértil e levaram a formação de várias comunidades. Reuniu, junto com Rotermund, forças para criar o Sínodo Rio-grandense, que, com a fusão de outros três sínodos, levou a criação da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB). Constituiu a Comunidade Evangélica de Estrela, que continua desempenhando a função de difundir a mensagem do Evangelho. Admira, na atualidade, a disposição e energia de Häuser. Este atuou em comunidades tão distantes, quando vivia numa época de precárias estradas e transportes. Constituiu-se em mais uma das fiéis “ovelhas do Senhor”, que desafiaram obstáculos e a própria vida para levar aos distantes rincões de Taquari, as “sementes do Evangelho”. Ferdinand, portanto, mereceria o reconhecimento, pois foi um heroi anônimo (algum nome de rua seria boa lembrança da sua epopeia pastoral).


Fonte: Guido Lang, O Informativo de Teutônia, n° 146, dia 10.06.1992, pág.02.


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