terça-feira, 29 de setembro de 2015

Colônia Teutônia: Fases da Colonização


O processo de ocupação da Colônia Teutônia, em termos gerais, ocorreu em três etapas. Esta realidade, a partir dos livros de colonização e registros de imóveis, lê-se nas entrelinhas da história regional.
O primeiro período, entre os anos de 1862 a 1868, registra a chegada e instalação dos primeiros elementos europeus. As picadas ocupadas situaram-se a margem esquerda do Arroio Boa Vista (afluente do Taquari). As terras mais planas da colônia particular (dividida em seiscentos prazos). As localidades da Germana, Glück-auf (Canabarro), Boa Vista e Nove Colônias foram o início da empleitada. Alguns lotes, nesta época, já foram comercializados na margem direita. Os colonos advindos das velhas colônias (Colônia Alemã de São Leopoldo) dominaram o espaço. A propaganda da fertilidade do solo e abundância de madeiras foram causas de afluxo de pioneiros. Vários, como descendentes dos primeiros imigrantes (primeira e segunda geração), afluíram em função da procura de novas terras. As comunidades constituídas, de maneira geral, eram mistas; incluía imigrantes e teuto-brasileiros. As famílias, entre outras várias, foram Arnt, Dickel, Grabe, Güntzel, Lautert, Hachmann, Heinrich, Röhrig, Schüle, Streher...
A segunda, de 1868 a 1875, ultrapassou o Arroio Boa Vista, isto é, abrangeu as terras situadas a margem direita. As picadas Franck, Welp, Clara, Schmidt, Neuhaus e Catharina (parte) viram-se desbravadas. Os pioneiros foram teuto-brasileiros e as famílias iniciais de westfalianos. A ocupação revelou-se rápida, isto é, em menos duma década a área toda viu-se  habitada. O tamanho dos prazos coloniais ficaram menores (entre oitenta a cem mil braças quadradas) e as terras começaram a ficar acidentadas. Salientaram-se, entre outras famílias, os Franck, Beckmann, Genehr, Geisel, Landmeier, Lang, Hattje, Kich, Eggers, Hunsche, Zimmermann, Loose, Jasper, Strate, Schröer, Schonhorst...
A última, entre 1876 e 1885, englobou a área norte da Colônia Teutônia. Os lotes acidentados na encosta do planalto, portanto, mais difíceis às atividades primárias. Os pioneiros, em poucos anos, fizeram “um milagre westfaliano” em criações e plantações. As picadas Moltke, Köln, Berlim, Krupp, Bismarck, Arroio da Seca, Frederico Guilherme, Horst e Silveira Martins foram criadas. A colonização de westfalianos tornou-se a dominante e o dialeto do sapato de pau predominante. Os obstáculos, entre morros e vales, foram vencidos de forma persistente e tenaz. Os prazos coloniais mantinham tamanhos menores (em média de cinquenta mil braças quadradas). Os nomes das localidades, em boa parte, ligaram-se a unificação alemã. A área abrange partes dos atuais municípios de Imigrante, Teutônia e Westfália (ambos no RS). As famílias, entre outras, foram os Ahlert, Horst, Lutterbeck, Lindemann, Markus, Pott, Goldmeier, Spellmeier, Krabbe, Wilsmann, Brune, Brinckmann, Lagemann...
Teutônia, graças à ânsia de terras aráveis, foi um sucesso precoce da colonização. As férteis terras, em poucos anos, trouxeram cenários assemelhados a velha Alemanha. A fartura alimentar, com produtos de subsistência, trouxeram uma nova realidade produtiva no cenário provincial. Um lugar de geração de riquezas ímpares nas terras brasileiras e posterior exportação de pioneiros a outras plagas nacionais.


Fonte: Guido Lang. O Informativo de Teutônia n° 15, dia 04.11.1989, pág. 02 (texto reescrito).

Pseudopastor Grafen: instrumento divino


A pesquisa histórica na Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) pouco se ocupou com a contribuição dos pseudopastores (não formados/leigos). Estes tornaram-se instrumentos da “Palavra do Senhor”, quando ocorreu a carência de religiosos de formação teológica (nos primórdios  da colonização). Gustav Adolf von Grafen foi uma das ferramentas que teve destacada atuação nos princípios da Colônia Particular de Teutônia (1858-1908).
Teutônia, em 1871, estava em pleno florescimento econômico-cultural.  Inúmeros pioneiros tinham se instalados nas quatro e meia léguas quadradas de terras. Estas tinham sido divididas em seiscentos prazos coloniais e em vinte picadas (localidades). O afluxo de colonos e o aumento populacional exigiram uma ampliação dos serviços pastorais. Os primeiros, de forma precária, eram atendidos pelo pastor Johann Friedrich Wilhelm Kleingüther. Ele, geralmente em duas oportunidades anuais, vinha de Porto Alegre para atender os fiéis luteranos do Vale do Taquari.
Teutônia, devido à colonização homogênea por protestantes, tornara-se visita obrigatória. O povoamento tinha sido um refúgio seguro contra a intransigência religiosa (movida pelo espírito da Contra-Reforma ainda reinante na Igreja Católica). Kleingüther iniciou o atendimento pastoral em 1864 e estendeu-o até 1873; repassou-o ao pastor formado Ferdinand Häuser. O atendimento precário (em função de distâncias e divergências), da parte dos colonos, levou a auto-nomeação dos cidadãos Gustav Adolf von Grafen e Heinrich Beckmann. Eles, como pastores leigos, passaram arregimentar (a partir de 1873) os adeptos luteranos.
A tradição oral e os registros escritos de comunidades comprovam sua nobre atuação. Grafen ajudou a organizar as comunidades das Picadas Boa Vista (Betânia), Arroio Seco e Teutônia (Paz). A atuação paralela, junto com Heinrich Beckmann, inicialmente gerou divergências/intrigas, que, com a passagem do tempo, foram serenadas.
Procurou-se, a partir dos Livros de Batismos e Casamentos de Grafen e das Comunidades Betânia e Paz, pesquisar a trajetória de Grafen. Este era filho de Theodor von Grafen e Maria Henriette von Saldern. Nasceu em 9 de outubro de 1836 em Halle/Saale. Migrou jovem aos Estados Unidos da América, quando, conforme Klaus Becker no artigo “A fundação e os primeiros 30 anos de Teutônia”, tornou-se oficial estadunidense. Lutou provavelmente na Guerra de Secessão (1860-1865) e ofereceu-se, com a imigração ao Brasil, posteriormente como missionário e professor aos colonos teutonienses.
Grafen, em 1888, chegou a ter 670 almas e 110 famílias em suas comunidades. Migrou, por volta de 1870, à Colônia Teutônia, quando,  na Picada Schmidt (atual Wesfália/RS), iniciou suas atividades de professor. Casou, em 11 de novembro de 1872, com Catarina Dickel. O casal teve os filhos Adolf Gustav, Friedrich Wilhelm, Heinrich, Leopoldina, Julie, Henriette, Rosamunda, Max, Adalina, Marie e Karl. Iniciou o serviço pastoral em 12 de agosto de 1873, quando batizou seu filho Adolf Gustav; estendeu-o até 25 de dezembro de 1907, no que concluiu com o batizado da sua neta Amalie.
O religioso, neste espaço de tempo, realizou um total de 148 casamentos e 2500 batizados, que ocorreram, além de Teutônia, pelas Colônias de Brochier, Conventos, Maratá, Estrela e Novo Paraíso. O trabalho pastoral sobressaiu-se nas Picadas Arroio Seco (Arroio da Seca/atual Imigrante/RS), Boa Vista e Catharina (atual localidade de Boa Vista Fundos).
Grafen iniciou os registros com a frase em latim e alemão:  “Sub Ministério Mag. Gustav von Grafen quod die 1° Juni 1874 ingressus et, seguentes infates baptisadi sunt. Farit Deus est corum omnium consignata  olim reperiatur in libro vitae – Geburts und Tauf-Register für die evangelischen Gemeinden do pastor Gust. von Grafen – Colonie Teutônia, Município d’Taquary – Província d’Rio Grande d’Sul – Império do Brazil”. A tradição oral registra o extravio ou inexistência do Livro de Óbitos, que priva os estudiosos das genealogias de valiosos dados. Este veio a falecer em 28 de setembro de 1908 em Teutônia.
Grafen, na atualidade, descansa numa singela sepultura no Cemitério Evangélico da Paz (Teutônia/RS). Nenhuma inscrição registra sua destacada atuação pastoral. Este que contribuiu para o lançamento das bases do luteranismo na região e a fundação, junto com Heinrich Beckmann, de diversas comunidades. Seu singelo pastorado confirma o fato de que Deus age, através de cidadãos humildes e forma inimaginável, para difundir, através do Espírito Santo, a mensagem da concórdia humana.
           
Autor: Guido Lang, Jornal Evangélico n°4, pág. 02, dias 15.03 a 04.04.1992.


O centro comunitário


Os moradores, na localidade, almejavam edificar nobre centro comunitário. O local, no prédio de madeira, via-se impróprio aos muitos e variados acontecimentos!
Os residentes, através da diretoria, foram pedir auxílio na municipalidade. O prefeito, “macaco tarimbado no serviço público”, recomendou dar os primeiros passos!
Os alicerces deveriam começar pela mobilização comunitária. Os habitantes, na doação e em mutirão, precisariam dar início aos fundamentos!
O erário municipal, no posterior andamento, daria respaldo monetário e material. O prédio, digno de progressista e unida sociedade, saiu majestoso e reforçado na construção!
O idêntico aplica-se aos filhos. Os rebentos, na base, precisam dar os começos nos projetos e sonhos. O objetivo assegura o comprometimento nas iniciativas!
Os progenitores, na ajuda financeira, reforçam auxílios e socorros. O envolvimento obriga manter a firme decisão de concluir o iniciado. Ações absorvem vultosos recursos!
Os inícios precisam partir dos reais interessados. Dúvidas e precipitações, no geral, acarretam desperdício de recursos!

Guido Lang
“Crônicas das Colônias”

Crédito da imagem: http://lugaresquefazer.com/teutonia/9

Foto do campo da Associação Esportiva Avante - Boa Vista Fundos - Teutônia/RS


A história de fundação da Associação Esportiva Avante


1 - Logomarca da Associação Esportiva Avante/Teutônia/RS.



2 - Campo da Associação Esportiva Avante, na Linha Boa Vista Fundos/Teutônia/RS.



3- Foto do time da Associação Esporte Avante em 1946.

Sentados: Norberto Strate, Lothário Lang, Willibaldo Wiebusch.
Ajoelhados: Milton Dienstmann, Seno Musskopf, Arthur Petry.
Em pé: Norberto Korte, Oterno von Mühlen, Edgar Wiebusch, Helvin Dickel, Werno Plantholt.



O futebol de campo, conforme dados de Afonso Lang (último descendente da 2ª geração de teuto-brasileiros), foi introduzido na Boa Vista Fundos/Teutônia/RS pelos irmãos Armindo e Carlos Sabka. Os aficionados trouxeram a prática de Conventos/Lajeado/RS. A dupla, no propósito de comercializar calçados (fabricação artesanal), teria assimilado o esporte em Lajeado (nas viagens de rotina). A Associação Esportiva Avante, paralelo ao Canabarrense (Canabarro), União (Germana) e Gaúcho (Teutônia), fora pioneira no esporte amador na comarca Teutônia (distritos na época de Canabarro, Languiru e Teutônia/Estrela).
A Associação Esportiva Avante, segundo Caderno de Fundação do “Grupo União de Futebol” (fonte arquivada por cinquenta anos por Afonso Lang), foi criado em 04 de novembro de 1941. A designação original foi “Grupo União de Futebol”. A denominação careceu de agradar aos atletas. Os associados, por vários meses, ficaram escolhendo distinta designação. O coligado Afonso Lang, na súbita lucidez, aludiu ao nome de “Avante”. A denominação, no imprimido na capa, adveio do título de “Caderno Avante” (publicidade do Estado Novo). As folhas serviram para instituir os iniciais registros. O campo arranjou-se no potreiro de Levinus Musskoph (posterior área de Benno Bornholdt e atual de Guido Lang). A largada, em 09 de novembro de 1942, ocorreu com singular churrasco e partida. A diretoria, na gestão inicial, foi constituída por Armindo Sabka e Helmudt Bayer (1° e 2° presidentes), Leopoldo Messer (juiz e capitão) e Afonso Lang (tesoureiro, 2° juiz e capitão).
Os sócios fundadores, na escrita em alemão (forte influência do dialeto do Hunsrück), redigiram estatuto provisório. O texto, no original, descreveu: “O presidente e o tesoureiro possuem o direito de fiscalizar os livros. O presidente e fiscal precisam lê-los e fiscalizá-los, sob suas responsabilidades, precisam estar em ordem. O presidente possui a obrigação de dirigir e falar sobre os compromissos e onde houve dúvidas serão consultados os responsáveis sobre a tarefa. O capitão possui somente o direito de escalar e recomendar os jogadores. Cada jogador precisa obedecer e concretizar as ordens do capitão. O valor da filiação é de 300 réis e a mensalidade é de 500 réis, que precisam ser pagas de antemão no primeiro ou segundo domingo do mês e quem não pagá-la num mês possui a obrigação de comprar outra filiação ou não poderá integrar o quadro. Ocorrerá cada mês uma reunião geral, na qual cada jogador precisa participar; verificarão-se, neste encontro de sócios, a revisão ou fiscalização dos livros (caderno), que estão em poder do presidente e fiscal. O presidente e o fiscal possuem o direito de convocar a reunião geral”.
Os sócios fundadores, por ordem de inscrição, foram: Arnildo Birkheuer, Carlos Sabka, Leopoldo Messer, Erno Birkheuer, Afonso Messer, Armindo Sabka, Emílio Konrath, Afonso Lang, Leopoldo Heinemann, Raimundo Bayer, Eugênio Morgenstern, Ewaldo Köhler, Fridolin Musskoph, Helmundt Bayer, Alfredo Strate, Ervino Kettermann, Edmundo Kichler, Bernado Bayer, Norberto Strate, Erno von Mühlen, Wilibaldo Bayer e Edgar Wiebusch. Sócios que filiaram-se em 1942 são: Fridolin Bayer, Helmudt Strate,  Friedoldo Bayer, Benno Bayer, Carlos Otto Lang, Werno Strate, Osvino Gräf, Willi Gräf, Benno Eggers, Werno Musskoph, Werno Dickel, Henrique Kettermann, Afonso Klein e Hugo Kettermann. Filiaram-se, conforme fonte, outros sócios: Willi Korte, Lothário Lang, Benno Bornholdt, Arnildo Strate, Ewaldo Schäffer, Edvino Dietze, Athur Ohlweiler, Raimundo Strate, Friedholdo Heinemann, Júlio Schöer, Erno Dickel, Seno Musskoph, Bernardo Dietze, Levino Ninow, Werno Lang, Levinus Musskoph, Raimundo Bayer, Osvino Dienstmann, Alcido Müller, Willibaldo Strate, Alvício Kettermann, Francisco Costa, Arnildo von Mühler, Walter Antoni, João Stahlhöfer, Herberto Dickel, Benno Paasche, Olivério Strate, Henrique Lamb, Rudolfo Geib, Edmundo König, Erno Stahlhöfer, Rudy Sabka, Syrio Gerlach, Helmudt Lang, Emilio Schäffer, Helmudt Kilpp, Raimundo von Mühlen e Helmund Brackmann.
O caderno documento, no ajuste de assistência, registra combinado de jogadores (em machucar-se ou quebrar osso). Os anexos, num valor máximo de 500 réis, necessitarão ajudar a custear os gastos do acidentado. Os subscritos, na sequência, foram: Armindo Sabka, Leopoldo Messer, Afonso Lang, Helmudt Bayer, Eugênio Morgenstern, Alfredo Strate, Norberto Strate, Ervino Kettermann, Bernardo Bayer, Rudolfo Messer, Reinoldo Bayer, Fridolino Musskoph, Arnildo Birkheuer, Ewaldo Kohler, Ervino Heinemann, Leopoldo Heinemann, Emílio Konraht, Anildo Musskoph, Erno von Mühler, Willibaldo Bayer, Edgar Wiebusch, Carlos Sabka, Afonso Messer, Fridolino Bayer, Helmundt Strate e Fridholdo Bayer. A relação, na equipe de jogadores, foi possivelmente o primeiro quadro. A Associação Esportiva Avante, em 04 de novembro de 1991, promoveu meio século de existência com suculento churrasco e magníficos jogos.

(Fonte: Guido Lang, Caderno de Fundação do “Grupo União de Futebol”, pág. 01 a 06).


Crédito da imagem: 

A.E. AVANTE: http://timesdors.blogspot.com.br/2014/09/avante-de-teutoniars.html

CAMPO DA A.E. AVANTE: http://www.panoramio.com/photo/36929533 - Foto de Vanderlei Hensel.

TIME DA A.E. AVANTE: http://aeavante.xpg.uol.com.br/fotos.html





O alvorecer da escola comunitária


Os colonizadores, desde a instalação dos lotes coloniais, preocupavam-se com a escola, que pudesse ensinar as noções básicas aos rebentos.
“Jacob Lang Filho e Suas Memórias”, numa tradução do alemão gótico por Sara Lang Fredrech, descreve a criação da Escola Comunitária da Boa Vista Fundos/Teutônia (atual Escola Municipal Andrade Neves). Este, como filho de Jacob Lang e Katharina Dockhorn, relata-nos: “No ano de 1875 todos os vizinhos resolveram construir uma escola. Estes também nos pediam para ajudar. Pensamos: ‘se os pais vierem eles terão sua parte’ e ajudamos na construção. No dia 1 de abril se iniciou e em 16 dias de trabalho a escola estava pronta para começar as aulas. O professor era um homem de nome August von Scheren. Este também morava sozinho na sua meia colônia. Antes ele estava no Paraguai e foi, por longos anos, capitão de navio, mostrava-se um intelectual. August porém não criava raízes e deu aulas por um longo período”.
August von Scheren (ou Scheven) comprou a colônia de número 14 B da Picada Catarina com 75.000 mil braças quadradas por 750$000 réis em 25/05/1874 e continuou pagando a dívida, com juros, em 01/07/1875. Ele, a semelhança de Jacob Dockhorn, certamente foi combatente da Guerra do Paraguai (1865-1870); foi pelos seus vastos conhecimentos e vivências constituído colono-professor. As aulas sucediam-se em língua alemã embora Scheren tivesse algum conhecimento do português. Os conteúdos administrados advinham de livros escolares trazidos da Alemanha.
A localidade, ocupada efetivamente a partir de 1874, mantinha estes moradores: Adolfo Eggers, Jacob Dockhorn, Claus e Heinrich Damann, Nicolaus Nielsen, Johann Engelke, Heinrich Hatje, Wilhelm Jung, Mikael Behs, Johann Bothmann, Heinrich Week, Wilhelm Bornholdt, Jacob Lang, Joaquim Alves Cardozo... O prédio foi edificado numa área de terras dos lotes número 10 ou 11, que pertenciam aos irmãos Damann; tentou-se, conforme as necessidades, dar uma dimensão múltipla à construção. A área, paralela a escola, servia como cemitério, que abrigou algumas sepulturas. O local ficava no entroncamento de estradas, que dirigiam-se a Catarina, Boa Vista e Germana Fundos (Neu Österreich).
A preocupação dos pioneiros germânicos com o ensino lançou os esteios dos grandes índices de alfabetização na colônia Teutônia, que tornou-a num dos espaços mais alfabetizados da América Latina. A picada, mesmo nos confins do então município de Taquari e depois Estrela, cumpriu sua missão histórica de priorizar o estudo dos filhos. Gerações de moradores passaram pelos bancos desta modesta escolinha, que subsistem como herança dos colonizadores.

Guido Lang
Edição virtual
Livro “Histórias das Colônias”

Fragmentos da Sabedoria Colonial


Os colonos desenvolveram um amplo conhecimento e sabedoria, que liga-se aos diversos aspectos existenciais. A arte e o trabalho de edificar as residências coloniais não fugiu a regra, quando ganhou uma atenção e preocupação especial.
Estas foram preferencialmente instaladas nas encostas de algum cerro ou colina, no qual sucediam-se abundância de águas e radiação solar. Uma boa e fresca água corrente era uma necessidade básica ao consumo, no que dependia também o sucesso das criações. A insolação era compreendida como excelente meio terapêutico, quando inibia a ação de bactérias patológicas. Os animais domésticos, com abundante exposição solar, pareciam ostentar um maior e melhor desenvolvimento e vigor, quando tem um ciclo vital muitíssimo ajustado a rotação terrestre. Os humanos integrados ao ritmo da natureza, pareciam auferir de idênticos benefícios.
Uma moradia, incrustada nalguma elevação, oferecia a vantagem de apresentar amplo porão, no qual podia-se armazenar sementes, guardar ferramentas, ostentar espaços frescos (nos dias de excessivo calor)... A ventilação, nalguma utilidade, senão maior, quando a qualidade do ar seria melhor assim como as geadas seriam menos rigorosas. Eventuais modéstias igualmente poderiam ser facilmente evacuadas com as águas das chuvas, quando também não haveria os terrenos encharcados. Os animais e humanos, no período de precipitações, poderiam circular com maior facilidade pelos pátios. A visão panorâmica era outro ingrediente básico, quando poderia-se acompanhar e controlar a movimentação de cercanias. Um fácil e rápido acesso, a partir do caminho geral e das estradas de roça, igualmente mantinham-se noutra inquietação.
Os coloniais, dentro das condições da área, levaram em consideração o maior número de benefícios auferidos, quando constantemente, na vida, edificava-se uma única e exclusiva moradia. Um agradável e belo ambiente e cenário residencial, como na atualidade, era compreendido como bem estar social, felicidade existencial e sucesso profissional. A longevidade e tranquilidade de vida tinha seus enigmas e sabedorias, que, nas conversas informais, passavam através de gerações.

Guido Lang
Escritor, historiador e professor
Revista Vitrini, n°34, setembro 1997, p. 13.

Crédito da imagem: http://projetopatrimonio.arteblog.com.br/9732/Casa-Enxaimel-V/


Aspectos geográficos do Município de Teutônia/RS

Ficheiro:RioGrandedoSul Municip Teutonia.svg


“Aspectos Geográficos de Teutônia. Confrontamo-nos diariamente com a ciência geográfica; resolvemos, em decorrência, fazer um levantamento das principais características de Teutônia.
A geografia física apresenta: altitude variável entre os 250 e 650 metros; latitude aproximada entre os 29° 20’ a 29° 30’ sul e longitude entre 52° 12’ a 52° 18’ oeste. O município integra a região fisiológica da Encosta Inferior do Nordeste e a microrregião do Baixo Taquari. Os limites são: norte e oeste – Estrela; sul – Bom Retiro do Sul e Paverama; leste – Poço das Antas e Montenegro. As temperaturas varia numa média de 35° C (máxima) e 18° C (mínima), da qual resulta um clima ameno; as geadas são ocasionados nos meses de junho, julho e agosto, que podem chegar, em média, de 10 a 15 dias anuais. As chuvas anuais médias oscilam de 1500 a 2000 milímetros. O território teutoniense é banhado pelo Arroio Boa Vista, que deságua no Rio Taquari (afluente do Rio Jacuí, que integra a Bacia Litorânea, Secundária ou do Sudoeste). O relevo é marcado por áreas onduladas (morros testemunhos) a norte; estes fazem parte das encostas do Planalto Meridional, que integra o imenso Planalto Brasileiro. O relevo, na parte central e sul, é, na sua maioria plano (com alguns morros), que favorece a agricultura. Predominam as rochas vulcânicas e cristalinas, que, através de sedimentos, deram origem, junto à decomposição de animais e vegetais ao solo tipo massapê; existem, no entanto, áreas de solo arenoso e terra roxa, que aparecem em áreas restritas. A cobertura vegetal original foi a Mata Subtropical Pluvial, que apresentou-se rica em espécies como louro, cedros, guajuviras, ipês, canjeranas, açoita-cavalos, espinilhos, bambus e gramíneas. A área territorial do município é de aproximadamente 273 km². Os ventos predominantes provêm da direção nordeste.
A geografia humana salienta os fatores: a ocupação das terras por elementos germânicos (alemães) a partir de 1858; uma companhia colonizadora particular ocupou-se da colonização de terras devolutas. Afluíram imigrantes das diversas regiões da Alemanha, porém, predominaram os imigrantes do “Hunsrücker” e da Westfália, assim como vieram inúmeros teuto-brasileiros das velhas colônias (São Leopoldo e arredores)...
O município possui vinte e duas localidades.
A geografia teutoniense permite-nos um quadro otimista, quando comparado com a realidade nacional. Os teutonienses possuem boas perspectivas de vida, quando comparado ao quadro nacional e, num momento histórico, difícil. A migração de mão-de-obra desqualificada, no entanto, tem sido fator primordial para elevar os índices de analfabetismo, aumento da criminalidade e multiplicação das construções precárias”.

(Passagem extraída do livro “Colônia Teutônia: História e Crônica (1898-1908)” de Guido Lang – páginas 58 e 59)

Crédito da imagem: http://pt.wikipedia.org/wiki/Teut%C3%B4nia

Colonização Westfaliana


As dificuldades de sobrevivência, por volta do ano de 1868, foram muitas na Westfália/Prússia. Os impostos eram extorsivos em relação aos baixos rendimentos. O Estado nacional alemão, em formação, precisava de recursos para fazer frente às guerras de unificação (de Bismarck contra a Áustria em 1864, Dinamarca em 1866 e França em 1870). O recrutamento militar era obrigatório e temido. O excessivo crescimento populacional tornava os recursos financeiros escassos. A falta de terras aráveis, às camadas pobres, um problema econômico-social. Os latifundiários concentravam os solos  e agregados e semi-escravos viam-se comuns. A falta de oportunidades, a propaganda da abundância de terras na América, a substituição do trabalho artesanal pelo mecânico foram outras causas do êxodo...
As levas de despossuídos queriam uma ocasião para o pessoal procurar novas oportunidades de ascensão econômica e abandonar a Alemanha assim como conferir as “notícias da fartura americana”. Estas apareceram com o pastor evangélico Johann Friedrich Wilhelm Kleingünther. Este veio ao Brasil e conheceu, em 1866, a próspera Colônia Teutônia. Resolveu, consciente das dificuldades de vida de muitos dos seus conterrâneos, espalhar a “boa nova”. As cartas da fertilidade do solo, das facilidades de compra de terras, abundância das riquezas naturais (caça, madeira e pesca), clima ameno e da colonização de evangélicos luteranos em Teutônia criaram uma espécie de febre de emigração.
Estas notícias, conforme Klaus Becker em "I Colóquios de Estudos Teuto-brasileiros", pág.  222 e 223, fez com que em 14 de agosto de 1868 viesse a primeira leva de colonos westfalianos. Eles vieram do Rio de Janeiro a Porto Alegre com o vapor “Proteção”; eram em número de quarenta e uma pessoas e conhecidos do pastor Kleingünther. A leva, de Porto Alegre a Taquari, foi embarcada no dia 20 de agosto de 1868. O trajeto de Taquari a Teutônia, através dos campos selvagens e matos, foi percorrido com carretas e carroças de mulas pelo carreteiro e comerciantes/diretor da colônia particular Karl Arnt.
A relação dos pioneiros foram Heinrich Howeler e esposa, Heinrich Eggers e família, Elisabeth EggersErnst HachmannFriedrich LiedeWilhelm Schonhorst e família, Wilhelm Hasenkamp e Friederike BrockmannFriedrich BrockampFriedrich Neuhaus e  esposa, Hermann Pohlmann e Wilhelmina NeierFriedrich Wilhelm Knebelkamp e esposa, professor primário Johann Heinrich Behne e família. Outras levas, entre os anos de 1868 a 1872, seguiram e trouxeram aproximadas trezentas famílias.
Os colonos vieram principalmente de lugares como Lengerich, Tecklenburg, Ostenberg, Kappeln, Landbergen, Lotte, Osnabrück, Gaste, Westerkappeln, Leeden... Estes, na Colônia Teutônia, constituíram uma colonização homogênea. Os pioneiros instalaram-se primordialmente nas picadas Franck, Neuhaus, Schmidt, Clara, Krupp, Frederico Guilherme, Berlim, Moltke... Os moradores introduziram o dialeto do sapato de pau, que mantém referência a sua habilidade de confeccionar e usar o sapato de pau (em função das dificuldades econômicas e rigores do clima).
Os imigrantes westfalianos destacaram-se pelas atividades e entidades culturais. As escolas comunitárias pipocaram assim como os esteios dos templos religiosos. O canto coral, sociedades de tiro, grupos recreativos e de leitura bíblica tornaram-se comuns no seio colonial. Uma instituição, muito conhecida, foi criada pelos ex-combatentes das guerras de unificação. Tratou-se da Sociedade dos Atiradores da Linha Clara/Teutônia.
Os elementos westfalianos sobressaíram-se pelo espírito produtivo. Excepcionais criações e plantações invadiram o espaço da outrora aparente impenetrável floresta. O instinto de econômico e trabalhador são aspectos salientes no cenário comunitário e os municípios resultantes, das suas iniciativas, destacam-se nos elevados índices de desenvolvimento humano. Algumas localidades, num cenário ímpar, parecem abrigar cidades de aviários, chiqueiros e tambos.


Fonte: Guido Lang, O Informativo de Teutônia n° 18, dia 25.11.1989, pág. 02 (texto reescrito).

Crédito da imagem: http://www.panoramio.com - Foto da Prefeitura de Westfália/RS


A sabedoria das inscrições tumulares


Resumir uma biografia, em poucas palavras, mostrou-se um desafio e tradição dos antigos. Eles, através da família, resumiam a existência em breves dizeres, que mostravam os feitos e “modo de curtir” esta passagem terrena. Trabalhos, a nível de estudos acadêmicos, dificilmente enfocaram estas inscrições ímpares, que revelam a mentalidade de famílias e comunidades.
Procurei, como genealogista e historiador, fazer um apanhado de inscrições, que retratam antepassados próprios. Segue, numa tradução livre do alemão gótico para o português por Ruth Érica Schiller, os escritos. Estas inscrições encontram-se em jazigos do Cemitério Evangélico Betânia na Boa Vista/Teutônia/RS:
01. “Viagem bem minha criança! Os anjos esperam o teu espírito cristão. Ele viveu como querido Filho de Deus! A coroa já te espera! Os enlutados pais Frederico Strate e Erna Jasper”. Afons Strate (1920-1921)
02.  “Ande bem amado filho! Durma bem doce no teu descanso! Nós choramos amargamente por ti! Terra fresca te cubra!” Fridolin Strate (1822-1934)
03. “Viva bem meu querido pai! Viva bem para todo o tempo! Quando nós nos veremos outro vez será para toda a eternidade”.  Friedrich Wilhelm Lang (1857-1936)
04. “Agora continua vivendo bem, minha cara fiel esposa; durma suave na tua tumba até que nós nos veremos de novo. Até que a voz de Jesus me chama!” Paulina Eggers Lang (1896-1933)
05.  “Vivam bem todos! Vós meus queridos! Eu vivo e moro no meu Deus! Meu querido Deus não me entristece! A morte me liberou de toda a tristeza!” Jacob Lang (1824-1896)
06.  “Difícil é o que agora nos entristece: uma consolação. Onde a gente tem saudade, a gente amou! O amor nunca morre!” Friedrich Carlos Lang (1886-1950)
07. “Durma bem na tua silenciosa tumba! Até que um dia em que a voz de Deus chamará para a ressurreição!” Adolf Lang (1864-1934)
08. “Deus quer que seja a vontade dele até que nós nos veremos de novo!” Augusta Brandenburg (1889-1938) e Wilhelm Jasper (1882-1930)
09.  “Abençoado seja a tua entrada no fresquinho e silencioso lar dos mortos! Como você pode descansar tão docilmente no fundo da terra! No santo chão! Durma bem das tormentas da terra! O anjo vai te proteger onde tem bastante flores e a ressurreição de Cristo brilha!” Phillip Stahlhöfer (1824-1898)
10.  “Descanse em paz junto aos seus ancestrais! Acreditamos no reencontro vindouro na eternidade! O teu exemplo norteará nossas ações e gerações!” Annilda Strate Lang (1927-2007)
11. “A gente não morre quando deixa exemplos e ideias! Descanse em paz e tenha certeza da missão cumprida!” Lothário Lang (1927-1990)
12.  “Como voa o tempo dos homens para a eternidade? Eu achei antes que pensei no poder da morte! Vocês, meus queridos, boa noite!” Morto por mãos assassinas durante a Revolução Federalista Daniel Franck ( 1837-1894)

Guido Lang
Anexos das “Histórias das Colônias”

Crédito da imagem: http://poetaelmar.blogspot.com.br/2010/07/diario-incontinuo_24.html


A biografia de Karl Heinrich Strate



Karl ostenta-se o patriarca da descendência no Brasil. A história pouco se ocupa com os heróis anônimos. Procurou-se, como descendente, escrever sua singela biografia (com vista de eternizar a história e resguardar o orgulho do sobrenome).
O patriarca teve atormentada existência. Ele, conforme certidão de nascimento e casamento, nasceu em 22 de maio de 1859, filho de Maria Elisa Staalkamp e de Karl Heinrich Strate, natural de Atter, círculo de Osnabrück/Hannover/Prússia. A família Stratemann, denominação original do sobrenome, tinha seis irmãos que foram recrutados, durante quatro anos, para servir no exército prussiano. A Prússia precisava de homens em função das guerras de unificação (alemã) de Bismarck (contra Áustria em 1864; Dinamarca em 1866; França em 1870).  Karl negara-se a servir o exército, pois não concordava com as constantes guerras na Europa Central (razão de tamanhas destruições, dificuldades econômicas e mortes). Este, em decorrência, resolvera evadir-se do serviço militar e da Alemanha (para não ser outra vítima do flagelo dos conflitos do imperialismo). Consta, pela tradição oral, ter sido poupado pela família em função de preservar o sobrenome; seus irmãos teriam tombado nos conflitos e ele o único sobrevivente dos filhos. Os relatos fazem referências de suborno na alfândega para conseguir esconder-se num navio (que o levaria à América). Os excedentes populacionais eram um problema na Alemanha. Levas de alemães, através da Holanda e Bélgica (devido à proibição da emigração), safaram-se do solo germânico com vistas de dirigir-se ao Novo Mundo (uma questão de sobrevivência para milhões de teutos).
A escolha do Brasil estivera ligada as notícias dos imigrantes westfalianos. Algumas levas, a partir de 1868, tinham-se estabelecidos na Colônia Teutônia (fundada em 1858). Inúmeros conterrâneos de Osnabrück, inclusive da aldeia de Atter, já moravam nestas paragens. Eles, através de cartas, narravam notícias da fertilidade das terras, das aparentes facilidades de compra de terras e a existência de riqueza vegetal (abundância de caça e madeiras). Os pioneiros, acima de tudo, falaram da liberdade, porque aqui eram “donos do seu próprio nariz e não agregados e semiescravos como na Westfália”. Karl, de aproximadas nove semanas de travessia do Oceano Atlântico, chegou em 1885 ao Brasil. Imigrou, a princípio, de forma clandestina, pois não se encontrou documentação de entrada. Temeu, ao longo da vida, a ideia de ser repatriado e servir no exército. Instalou-se, junto a conhecidos, na Picada Schmidt (atual sede da Westfália/RS).
Ele, em 7 de junho de 1886, casou com Maria Lisete Schröer (1862-1944). Ela era filha de Maria Chistina Kohnhorst e Germano Henrique Schröer (falecidos na Westfália/Prússia), natural de Ladbergen na Westfália/Prússia e imigrou, com os parentes Schröer, por volta de 1873. O casal teve os filhos: Frederico (1886-1964), Guilhermina (1888-1878), Henrique (1891-1980), Carlos (1893-1971), Guilherme (1896-1964), Reinoldo (1898-1933) e Francisco (1903-1971). A família tentava adquirir um lote colonial na Picada Schmidt (referência ao primeiro morador Christiano Schmidt). A Colônia Teutônia, entre 1865 a 1890, estivera em pleno florescimento e a colonização westfaliana definitivamente implantada tinha conseguido alcançar os primeiros frutos. O preço dos prazos já tinham valorizado e o tamanho diminuído. O constante afluxo de novos imigrantes inflacionou os preços dos lotes.
A família Strate batalhava às estabilidade econômicas, no que o imprevisto abateu-se. Karl envolveu-se numa querela de negócios (com outra família). Acabou assassinado em função duma transação de cavalos e, na surdina, colocado ferido na cama (familiar). Recebera uma cadeirada na cabeça e pereceu desse flagelo. Consta, conforme o Livro de Falecimentos (1887-1978) da Comunidade Zion de Teutônia – página 42, número 340, “Karl Heinrich Strate, enterro no dia 07/12/1905 – Picada Frank, nasceu em 22/05/1859. Colono, origem Osnabrück, falecido em 06/12/1905”. O pastor ignorou/omitiu a causa da morte (assassinato) nos registros. Foi enterrado, num canto, no Cemitério Evangélico da Picada Frank (Cemitério Velho/desativado - aterrado para ser estrada comunitária). Ele não recebeu lápide (em função da extrema pobreza familiar). A história abafada no meio comunitário, porém resguardada na tradição oral (narrada na “surdina” de ouvido em ouvido nas conversas informais). A família ficou marcada e passou por extrema miséria. Os Strate foram obrigados a renunciar ao lote colonial (não puderam pagar a companhia colonizadora). Ela tratou de migrar à Picada Boa Vista/Colônia Teutônia. Conseguiram outra propriedade, através de parentes, para reiniciar sua odisseia. Os filhos cresceram, constituíram grandes famílias e o sangue dos Strate, na atualidade, encontram-se disseminado por diversas clãs. Alguns encontram-se espalhados por inúmeras plagas da América Meridional.
Karl, portanto, era um dos pioneiros, que não chegaram a colher os louros da colonização. Encontrou-se a conquistar a terra prometida, no que o imprevisto abateu-se como desgraça. Os descendentes, porém escreveram excepcional epopeia nos inúmeros empreendimentos (com razão de alcançar a dignidade e qualidade de vida). O sobrenome Strate, na atualidade, mostra-se uma referência entre os gloriosos nomes da descendência westfaliana (em terras americanas). Diversas entidades ostentam-no em suas diretorias e membros. Propriedades minifundiárias de subsistência familiar inscrevem-no pelo capricho, organização e trabalho. Profissionais liberais colocam-no em consultórios e gabinetes. Karl soube semear suas sementes do porvir com sua vasta descendência.


(Fonte: Guido Lang, O Informativo de Teutônia, nº 23, dia 29/11/1989, pág. 02, texto reescrito).


Crédito da imagem: http://pt.wikipedia.org/wiki/Teut%C3%B4nia



Biografia de Guido Lang


O escritor, nas letras e palavras, eterniza fatos e vivências. A sabedoria perpassa no desenrolar das ocorrências. A habilidade de escrever consiste numa sublime missão terrena!
O autor, na qualidade de professor, historiador e escritor, enfoca uma gama de temas. A preferência recai nos “filhos das colônias”. A pesquisa debruça-se na linha da história das mentalidades. As atividades literárias, desde tenra idade, foram uma obsessão e vocação!
Os livros editados foram Jacob Lang – A História de um Imigrante e Pioneiro (1992), Colônia Teutônia: História e Crônica (1995), Campo Bom: História e Crônica (1996), Reminiscências da Memória Comunitária de Campo Bom (1997), Histórias do Cotidiano Campobonense (1998), Reminiscências da Memória Colonial – Teutônia/RS (1999), Destinos Inseparáveis (1999), Contos do Cotidiano Colonial (2000), Cinquenta Anos da Calçados Fillis (2000), As Sombras do Passado (2005), As Memórias e Histórias de Elton Klepker: Criador do Município de Teutônia (2008).
Os escritos, nas décadas de redação, abrigam milhares de textos. Os escritos, no geral, encontram-se disseminados em anuários, blogs, diários, jornais, livros e revistas. Obras outras, em manuscritos, requerem impressão para futura disponibilização aos leitores!
As histórias, nos comuns apontamentos, fazem do escritor um repórter do cotidiano dos acontecimentos e vivências. Os assuntos, em síntese, enfatizam as mazelas e virtudes do gênero humano. O escritor, como cientista social, “precisa estar onde o povo está”! 


Crédito da imagem: http://refugiodafoca.blogspot.com.br/2011/10/resgate-da-historia.html