Os imigrantes teutos introduziram
sensatos legados. Os herdados, na contemporaneidade, integram a cultura e tradição
brasileira. Cita-se, nos modelos, escolas comunitárias, festas de quermesses,
entidades de bolão e tiro, prática de enfeitar o pinheirinho de Natal, ninho de
Páscoa, entidades de cantores...
Os povoadores, recém-instalados
nas picadas (linhas), conviveram perdidos e isolados pelo ente público. A saída,
entre dificuldades, versou em descobrir meios de supervivência. Os desbravadores,
na maneira particular de organização, aventaram de arquitetar entidades comunitárias
(cemitério, escola e igreja). Os clubes de cantores sugiram paulatinamente em
alteradas linhas. As agremiações foram maneiras de aglomerar residentes.
Os corais tiveram o
objetivo de cultivar a cantoria, aliviar as agruras da conquista da selva,
encorajar ânimo (diante do dilema das adversidades, doenças, intempéries...). As
encenações, semanais ou quinzenais, convinham como reencontros. Os momentos
eram propícios às trocas de exames das fainas e vivências. As ocorrências, no
seio da circunvizinhança, eram contadas e pesquisadas.
O objetivo, no explícito
dos coros, era o cultivo do canto coral. As origens, na divulgação e recreação
dos povoadores, advêm da Europa Central. O objetivo, no genérico, era concorrer
ao incremento do nível artístico, cultural e social das identidades, assim como
fazer atendimento no serviço de assistência (em momentos fúnebres e religiosos).
Os recursos
financeiros eram obtidos através dos subsídios dos membros associados,
dividendos de promoções (bailados e festanças), subvenções públicas
(municipais)... As despesas pagavam serviços de regência, material de canto,
deslocamento de cantores (em apresentações), jantas em banquete de bailes... As
apresentações ocorriam em festejos locais, festanças de sociedades coirmãs,
enterros, aniversários, ofícios religiosos... A administração e coordenação
verificam-se independentes (das entidades da linha). O coro, nas probabilidades,
coopera nas demais associações comunitárias (na construção e manutenção de
centro comunitário).
Os critérios, na
filiação, costumaram ser na conduta exemplar, estar em pleno gozo das
liberdades civis, carecer de apresentar débitos nas entidades, possuir idade
superior aos catorze anos... O membro cantor precisa apresentar aptidão e
interesse em participar no canto, assim como ser abnegado, disciplinado e
pontual. O cantor (a) tem a vantagem de aprimorar seu dom musical, aprender e
cantar os hinos (pátrios, populares e religiosos), assim como desenvolver
aprendizagem das línguas (alemão e português), compartilhar dos eventos das
diversas sociedades, expandir círculo de amigos e conhecidos, tornar-se pessoa
valorizada...
Os cantores carecem
de serem profissionais e desempenham um ofício na própria comunidade: encaram o
canto como uma atividade de cultivo e orgulho das tradições. Os coros, no
símbolo da agregação, possuem estandartes. As flâmulas acompanham a sociedade
nos excepcionais encontros e episódios. A classificação incide entre coros de
homens, senhoras e mistos. O canto é praticado em três a quatro vozes.
As dificuldades de sobrevivência
estão relacionadas ao êxodo rural, formação de regentes, criação de novos
hinos, elevada despesas e desinteresse das novas gerações em continuar na
tradição. Os jovens contraíram nova mentalidade. Esta valoriza pouco os valores
da cultura local. Os consumismos e passividades verificam-se repassados nos
meios de comunicação de massa. O fácil consiste em escutar em vez de cultuar o
canto.
A juventude é coagida
a abdicar do meio rural, porque seu trabalho significa pouca valorização pelos
intermediários; migram aos centros urbanos na procura de formas de sobrevivência
e acabam desinteressados (em função de outras maneiras de interesses e
recreação). Acrescentam-se as dificuldades de material específico de canto;
predomínio dos interesses particulares (em prejuízo, na ausência do retorno
monetário, do bem coletivo).
As sociedades sofrerem
consequências da Segunda Grande Guerra (1939-1945). O material, em alemão,
viu-se assolado no dilema da nacionalização (impressos foram confundidos como promoção
política). As melodias e dialetos (em alemão) versaram em serem tolhidas.
As sociedades de cantores,
no cerne das linhas, continuam a associar na vida social de inúmeras
comunidades. As associações, na cultura das paragens, caminham paralelas as
entidades escolares, esportivas e religiosas. A participação, nas diretorias
das entidades, advém na qualidade de confiança e prestígio das habilidades
intelectuais. A filiação, na instituição, significa ponto de honra à integração
na identidade. O coro mantém-se ativo na preservação e valorização das raízes
germânicas. Os denodos comunitários, na
atuação de membro e morador, se expressa em consideração e respeito.
(Guido Lang, Anuário Evangélico, Ano 1991, pág. 105 – 106. Texto reescrito.)
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