quarta-feira, 24 de abril de 2019

A história do lobisomem


Guido Lang
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Histórias de fantasmas e lobisomens costumam povoar a imaginação popular. As crendices, sobre o ser que é meio homem e parte lobo, mantêm-se presente nos relatos das comunidades germânicas.
Este ser, conforme descrições populares, habitava refúgios mais discretos das florestas, porque ele não teria espaço no contexto da sociedade dos racionais. A condição de corpo humano e cabeça de lobo teria levado a sua rejeição na convivência social, pois manteria muito acentuados os instintos animalescos. Alguns coloniais, numa estranha mistura genética, falam num cruzamento da espécie “homo sapiens” com o animal carnívoro selvagem do gênero canino.
A esquisita figura peluda se constituía no terror das mulheres, pois, motivado por desejos sexuais insaciáveis, poderia avançar sobre elas. O fato explica os maciços cuidados com as meninas moças que, ao cair da noite, não deviam tomar caminhos da roça e estradas gerais. Os ataques poderiam ser realidades corriqueiras e resultariam em abusos sexuais e estupros. Alguma companhia familiar, em função deste temor, necessitaria fazer-se presente nestas saídas, para que o pior pudesse ser evitado.
Os cuidados maiores sucediam-se nas noites enluaradas, pois eram propícias para o despertar dos instintos animalescos. A lua cheia, com sua magnifica claridade, convidava aos passeios noturnos, ocasião em que os moradores das colônias mantinham o hábito das mútuas visitas familiares. O homem-animal parecia conhecer este comportamento o que o impulsionava a sair dos esconderijos. Os perigos maiores sucediam-se nas sextas-feiras treze, quando “as bruxas encontravam-se soltas”. A vontade de propagar a espécie levava-o a desesperada procura por companhias femininas, por isso atacaria sem dó nem piedade. A história do lobisomem, portanto, gerava necessidade de precauções, pois nenhuma alma viva almejava ser atacada por essa esdrúxula criatura. As mulheres, em função dos temores de ataques, tratavam de retornar cedo às residências, pois este fato sucedia-se com o pôr-do-sol.
Os casos de estupro foram raríssimos nas diversas comunidades de procedência germânica.

(Extraído do livro “Contos do Cotidiano Colonial", página 26, de Guido Lang)

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