A mão invisível, nas leis naturais do Criador, perpassa a imensidão do universo. A fé, nos desígnios divinos, transcorre em assombros e milagres. As benzeduras, na população colonial, incluem-se no rol das obras e mistérios. Os incuráveis, na analogia de milagres, lavraram incompressíveis alívios e saras.
As pessoas, na extensão da confiança, trazem mediação da astúcia. Os mistérios, no parto humano, evadem da compreensão do raciocínio.
As benzeduras, na imigração, acorreram e difundiram-se entre pioneiros e sucessão. As causas, entre múltiplos, ligam-se as amplas distâncias, carência de médicos, falta de recursos financeiros, ineficiência da medicina... As promessas, apesar dos avanços da globalização e tecnologia, induzem na sobrevivência da prática. O sobrenatural, no entendimento de múltiplos, acha-se alheio as avaliações e comprovações da ciência.
As origens, na benzedura, remontam aos povos bárbaros. A conversão, no cristianismo, introduziu seguramente aprendizado. O processo, no provável, ocorreu na Idade Média (476-1453). O método, no meio rural, foi introduzido pelos imigrantes. As estirpes, no interior das linhas, continuam no aderir e requerer préstimos. A evolução, na difusão dos postos de saúde, motiva redução. Os novos, no cunho da ciência e técnica, renegam místicos.
A bênção, na instituição igreja, costuma ser abarcada como iniquidade. Numerosos clérigos, no banal, aferem apatia e ignorância. Os médicos divisam concurso em lucros. Outros, no combate das mazelas da essência, chegam indicar fórmula sobrenatural. Os curandeiros, na discrição, processam apelo às instâncias divinas. Os receios vinculam-se as confusões com instituídas autoridades. A literatura, no diário do exercício, desconhece descrições e estudos.
A benzedura, no exercício dos laicos, consiste em apelar às instâncias da Santíssima Trindade. O Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo, no socorro, verificam-se chamados na função de agirem na doença. A prece, na inabalável fé, complementa atuação e decorrência. As alusões, no alento e origem do exercício, ligam-se ao próprio Jesus cristo. Deus Homem, na situação dos milagres, externava na síntese: “A tua fé te curou” (do acharque no Deus Pai).
Os médico-feiticeiros, na execução do ofício, precisam alimentar uma psique clara e forte. A força, na confiança e exemplo, precisa sobrepor-se ao impetrante. O resignado, no fruto, precisa alimentar igual fé (na cura). A descrença, no provável, conduz na ineficiência e perda de tempo. O conveniente, no intervalo de semanas, consiste em fazer três consecutivas apelações/invocações. O fato, na gravidade do mal, liga-se na dezena de procedimentos.
A minudência, na educação, liga-se a prática ou técnica. A tradição oral, no seio das famílias benzedoras, versa na instrução aos sexos opostos. O exemplo dar-se-ia do sexo masculino informar ao feminino e vice-versa. O ensino, entre análogos, brotaria na ineficiência das apelações. A ciência empírica, no conjugado do método, teria abonado tal acepção. O atraente, na manha da ciência, liga-se na transferência de mãe para filho ou pai para filha.
A fama, no curandeiro, difunde-se na paisagem. As linhas, no peculiar da confissão protestante, alimentam afamadas e assentadas benzedores (ras). A conversa informal, no velado, costuma divulgar ações e assombros. A afluência, na dimensão dos efeitos, diminui ou multiplica público. Umas esporádicas ocorrências, na medicina oficial, incorreram nos enigma da cura. O apelo final, no paliativo ou reforço (em final feliz), sucedeu na bênção.
O instituído, na cátedra do dom divino (profissionais leigos), incide na abstinência de requisição de despesas. Os afazeres, no médico-feiticeiro, sobrevêm no serviço voluntário. O dinheiro, no entrelaçado, acertaria na ineficiência das faculdades sobrenaturais. A dádiva divina, no amor ao próximo, perece na cotação financeira. O sarado, na magnitude dos derivados, dispende mimos. O desígnio, no bom grado, repara dispendida energia e tempo.
A população, no interior das linhas, avulta algum dotado. O habitual, no tempo, falece no ofício. Outro ente, no exercício, aparece estabelecido no cargo. A carência, no amparo médico, gradua busca e socorro. Os doentes, na agonia, apelam às alternadas saídas. Os sobrenaturais, na assistência, incluem-se no todo. As finanças, no ônus de dilatados curas, colaboram na cata. Os apelos, no elementar, subsistem em recorrer aos recursos próximos.
As patologias, no tratado habitual, recaem em asmas, erisipelas, verrugas... As indisposições d´alma e maus olhares somam-se na precisão da ativa e boa bênção. O apropriado, na ativa ação, consiste em conciliar com chás e ervas.
As opiniões, na abstinência ou requisição, divergem sobre emprego dos serviços. A fé, no seio das famílias e pessoas, determina procedimento. Os resultados efetivos, no banal, respaldam-se no ente supremo.
A benzedura, dentro da medicina caseira, afronta negócios milionários. Os agentes da saúde, em instituído do sistema econômico, castram farmácias, fiscos, laboratórios, profissionais... Os entendidos, nas mazelas humanas, apontam interferência do sobrenatural. Os laicos, no enigma, vislumbram ação e mão divina. A natureza, no cerne da criação, abriga faculdades e forças alheias ao julgamento e razão humana.
Guido Lang, Fragmentos da História Colonial, Jornais NH e VS.
(Novo Hamburgo e São Leopoldo, dia 14 e 15/07/1990, texto reescrito, dez/2015).
Crédito da imagem: http://www.astrologosastrologia.com.pt/