A História, no chegado
das grandes abordagens docentes, ignora a trajetória das pacatas pessoas. As
biografias, no comum, passam na deficiência ou indiferença de registro. Os acanhados,
no visível anonimato, delineiam epopeia das aldeias. Os modestos, no chão das
fábricas e lavouras, afeiçoam edificar cidades, semear campos, resguardar
sabedorias...
O historiador, na inquietação
da genealogia e memória, procurou refazer o registro da obra e vida de Lothário
Lang. O objetivo, no momento, incide em conservar biografia e reminiscência. Os
descendentes, no futuro, terão seguramente interesse na narração e procedência.
Os registros, no elaborado dos escritos, perpassam épocas e gerações.
Lothário, em 19/04/1927,
nasceu dos pais Frederico Carlos Lang (1896-1950) e Paulina Eggers (1896-1933).
As manas foram Lídia, Elma, Erna, Herda e Selmira. A geração constituiu quarta prole
dos pioneiros (afluídos em 1847). As dificuldades, na velha Prússia e promessa
de melhor subsistência, foram causas da evasão da Europa.
Os antepassados, na
laia de agricultores, eram imigrantes modestos e ousados. O entusiasmo, no
ofício, foi afeição às criações e plantações. A acomodação, na primeira estação,
ocorreu na Picada Café/Colônia Alemã de São Leopoldo (1847) e transferência posterior
a Picada Catharina/Colônia Teutônia (1872). Ele foi mescla entre prole dos hunsrüche
e westfalianos.
Lothário, na idade
dos quatro anos, perdeu mãe Paulina. A comoção, diante da desventura, contornou-o
a ser livre pensador. O lamento, na ausência qualquer figura/imagem da genitora
(foto), estendeu-se pelo cerne das vivências. A Escola Comunitária Andrade
Neves, no alemão (1935) e português (1936-1939), ganhou formação. Os
professores, na arte de calcular, escrever e ler, foram Reinado Antoni e
Raimundo Brackmann.
A aspiração era de
cursar medicina. A morte atrapalhou plano. A falta, em chances, conduziu na afeição
de agricultor. A área, em quinze hectares (locados na Boa Vista
Fundos/Teutônia/RS), cresceu no minifúndio. As culturas, no feijão, forragens,
hortaliças, mandioca e soja, foram capitais. As criações, nas aves, bovinos e
suínos, foram “ganha pão’’. O domínio, na fixação da Linha
Catarina/Teutônia/RS, careceu de empilhar riquezas.
Lothário, na Segunda Grande
Guerra (1939-1945), serviu de reservista (na segunda categoria, classe de 1927,
no Tiro de Guerra 648 na Vila Teutônia). A mobilização, em 1945, ocorreu na
razão de embargar à Itália (desfecho das hostilidades, em maio, tornou
dispensável). O Tiro de Guerra conheceu o instrutor e mestre Idílio Vasconcelos
(admirado na ciência, finura e manha). A perseguição, na interdição do dialeto
do Hunsrück/alemão, fazia-se aferrada aos descendentes teuto-brasileiros.
Lothário, em 09/07/1949,
casou com Annilda Strate (filha de Frederico Strate e Erna Jasper). Este, em 21/07/1927,
foi batizado pelo reverendo Jonathan Stribel e casado pelo pastor Erich Wilhelm
Ziebarth na Comunidade Evangélica Betânia da Boa Vista/Teutônia/RS. Os filhos
foram Dario Frederico, Glaci e Guido Lang. O espírito prussiano, no rigor a
faina, perpassou nas atividades e crenças.
As duas casas, no
primeiro chalé de madeira (1949) e posterior alvenaria (1966), viram-se
edificadas na força das economias e faina. Os princípios, no apego à ciência,
dedicação, organização e persistência, constituíram guia da existência. A
humildade e simplicidade, no cotidiano dos atos, foram modelo nos métodos.
A filiação, no
associado, ligou-se as entidades: Cooperativa Regional de Eletrificação Teutônia
(Certel), Cooperativa Regional Agropecuária Languiru, Comunidade Evangélica
Betânia, Coro de Homens da Boa Vista, Sociedade de Coro Misto de Boa Vista
Fundos, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Estrela/RS e Teutônia/RS,
Associação Esportiva Avante... Lothário, na gestão da Cooperativa Mista Pontes
Filho (1959-1963), fora tesoureiro da entidade.
Lothário, na doença (maio/1990),
adquiriu Metástase de Câncer Brônquico. O vício, no cigarro, fora causa. O
tratamento iniciou no Hospital Ouro Branco/Languiru/Teutônia/RS, Redentor/Canabarro/Teutônia/RS
e Pavilhão Pereira Filho/Porto Alegre/RS. O óbito, por Insuficiência Ventilatória
Aguda, ocorreu em 24/11/1990 no Hospital Redentor.
O velório, na Boa
Vista Fundos/RS, ocorreu na residência. O afluxo, nas despedidas finais, foi do
círculo de amigos e residentes. O enterro, no jazigo familiar no Cemitério
Evangélico da Comunidade Betânia, ocorreu em 25/11/1990 (fora efetivado pelo ministro
Yedo Brandenburg). Os relatos, nos arrojos e manhas, mantêm-se ativos na tradição
oral.
O sereno ente, na paz
do Senhor, descansa junto à esposa. O amor, na família, liberdade e trabalho,
foram razão da existência. O acúmulo, no capital, advinha no plano secundário.
As lições, na firmeza dos exemplos e ideias, norteiam os passos da descendência.
A semente, no lançado ao solo fértil, produziu majestosos e ricos frutos.
(Guido Lang, Fragmentos da História Colonial, novembro/2015).
Crédito da imagem: http://reflexoesecotidiano.blogspot.com.br/
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