terça-feira, 17 de novembro de 2015

O Vale da Promissão


O Vale dos Sinos, em 25 de julho de 1825, começou a tornar-se a terra anunciada para um conjugado de peregrinos. Os pioneiros, em meio ao embalo das águas do curso fluvial (na analogia do habitual Rio Reno), iam-se achegando as paragens. As canoas, caíques e lanchões, na elevação do Rio dos Sinos, foram introduzindo as famílias dos aventureiros.
A atividade, no dilema dos lotes, consistiu em abrir picadas, derrocar matas, disseminar lavouras... A exuberância, na floresta, chamou deveras admiração e preocupação. O risonho chão, na abundância dos férteis solos, ocultava as fortunas. Os persistentes afazeres, na falta da trégua no sol a sol, permitiram a obra da fartura de artigos.
O fecundo sucesso, em originais moldes, permitiu a geração de riquezas. A agricultura minifundiária de subsistência, nas competentes propriedades, viu-se inserida em terras meridionais. A labuta, no braçal e familiar, viu-se encarada na ação de decência e soberba. O Vale da Promissão, em escassos anos e sucessão dos séculos, tornou-se Vale da Abastança.
Os solos, no deitado dos séculos em berços esplêndidos, conheceram proveito e revolução. Os banhados, campos e encostas, cobertas do ativo cerrado, viram-se tomadas por lavouras, pomares, potreiros... As principiantes linhas, na associação colonial, pipocaram cemitérios, escolas, igreja, residências... A mão humana instituíra esplendor e prodígios.
As chaminés, de alteradas resoluções, insistiram em pipocar em cantos e recantos dos lugarejos. As atafonas, curtumes, ferrarias, moinhos, selarias, serrarias, na amostra, adentraram a dinamicidade econômica. As módicas iniciativas, no decurso das gerações, disseminaram os esteios do ativo e imponente parque industrial.
O marco, no preito ao trabalho, tornou-se alusão e narrativa. A gama de produtos, na fabricação industrial, difunde-se aos quadrantes. Novos vales, no modelo do Caí, Paranhana e Taquari/RS, foram desbravados nas proles ulteriores. As prestigiadas estirpes, na descendência dos desbravadores, nutrem obrigações da continuação da benzida obra.


(Guido Lang, Fragmentos da História Colonial, Ano de 2015).

Crédito da imagem: http://palavradoavivamento.blogspot.com.br/

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