Agradecendo a homenagem prestada pela Cooperativa Languiru, o Presidente Ernesto Geisel assim se expressou:
“Creio que hoje, aqui, eu fui um pouco traído com o discurso escrito que acaba de ser feito. Não era meu objetivo e nem vim preparado para fazer um discurso, mas acho que tenho que dizer alguma coisa, e não desejo decepcioná-los ficando calado. Meses atrás, quando me fizeram o convite para aqui comparecer, confesso que tive várias dúvidas se aceitaria ou não o convite. Não é fácil para um Presidente da República deslocar-se pelo País afora e atender a todos os convites que recebe. São inúmeros, e o Presidente precisa, também, trabalhar. Por outro lado, esta região tem para mim e para minha mulher lembranças e recordações muito gratas, que nos tocam no fundo do coração e nos criam, às vezes, um excesso de emotividade pela qual eu também não gosto de passar.
Realmente, foi aqui que viveram nossos antepassados e foi aqui que, muitas vezes, a pé, em carreta ou dorso de um cavalo, passei períodos agradáveis de férias, no convívio com meus tios, meus primos e minha avó. Entretanto, achei por fim que devia vir e, afora essa recordação do passado, a minha vinda foi motivada pela importância que atribuo a esta cooperativa. Não apenas pela significação econômica do vulto de seus negócios, mas pelo exemplo que ela fornece e dá às demais, pela sua organização, pela sua direção, pela sua persistência, pelo combate que vem travando há 20 anos, ao longo dos quais, nas diferentes refregas em que se empenhou, sempre saiu vitoriosa, o que lhe permitiu atingir o alto nível em que hoje se encontra.
É propósito do meu Governo e de todos os que me antecederam darmos o máximo desenvolvimento ao cooperativismo.
Acreditamos que é uma forma de união que pode proporcionar os melhores resultados, seja no que se refere à produção em si, seja no que se refere à comercialização e ainda ao consumo e com uma interferência altamente proveitosa dos setores de crédito do Banco Nacional de Cooperativismo.
Aqui, esta organização é ainda mais importante pelo regime fundiário que, através do tempo, se estabeleceu como um minifúndio. Saber tirar desse minifúndio o rendimento capaz de sustentar uma família, assegurar a esse minifúndio a necessária produtividade mediante a utilização da melhor técnica, é um problema sem dúvida muito difícil, sobretudo numa área que, em grande parte de suas características, não comporta a utilização da mecanização, pelo acidentado dos seus terrenos. Então, tem aí a Cooperativa um vastíssimo campo de trabalho: fazer com que esses minifúndios, utilizando a excelente mão de obra de que a região é dotada pelos descendentes dos colonos que aqui se estabeleceram, apesar de tudo, progridam e que o povo que aqui reside tenha um melhor padrão de vida do que tiveram seus antepassados.
Creio que a Cooperativa está realizando isso e os meus votos são de que ela prossiga e alcance cada vez maiores êxitos.
Por fim, eu desejo fazer uma referência ao pedido que me apresentaram e que se relaciona à estrada que pretendem vincular ao sistema viário rodoviário da região e a pretexto, principalmente de utilização do terminal rodo-hidro-ferroviário.
Devo confessar que essa estrada não se enquadra no quadro nacional, ela não está vinculada ao Programa Nacional de Rodovias, mas não quero decepcioná-los neste sentido e acho que alguma coisa se possa fazer se realmente o nosso Governador estiver de acordo em fazer comigo uma “barganha”. O Governo Federal não pode asfaltar a estrada, mas o Estado pode. Nós, entretanto, de maneira indireta, podemos compensar o Estado pelo dispêndio que ele terá com essa obra. Muito obrigado”.
*Texto extraído do livro “AS MEMÓRIAS E HISTÓRIAS DE ELTON KLEPKER: CRIADOR DO MUNICÍPIO DE TEUTÔNIA/RS” (2008), página 93, de GUIDO LANG. Baseado na obra “LANGUIRU RECEBE A VISITA DO PRESIDENTE GEISEL – MOMENTO HISTÓRICO NA VIDA DO COOPERATIVISMO BRASILEIRO” (1975).
* Edição: Júlio César Lang
* Crédito da imagem: https://gauchazh.clicrbs.com.br/politica/noticia/2018/05/geisel-o-presidente-desconhecido-cjht5xmdz096m01pabtfdy36w.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário