Os ancestrais,
com a carência de recursos médicos e “perdidos na floresta subtropical”,
conheceram dias ásperos e cruéis nas colônias teutonienses (localizadas no
Estado do Rio Grande do Sul). A morte, através da diversidade de acidentes e
moléstias, mantinha “um flagelo e sonho dantesco” nas famílias dos pioneiros.
Pouquíssimos clãs safavam-se dos infortúnios, que diariamente “rondavam a lei
da sobrevivência”. Os cemitérios, sobretudo na ala juvenil, são testemunho de
uma época, quando encontra-se sobrenomes de todas os clãs.
A cólera,
febre amarela, gripe espanhola, peste bubônica, pneumonia, tifo, varíola, como
exemplos comuns, foram temidas epidemias, que alastravam-se nos cantos e
recantos das picadas (linhas). Estas, como “flagelo demoníaco”, ceifavam
valiosas vidas, quando desconhecia-se a ação dos microorganismos. Os micróbios
atacavam de forma mortal diante da limitada eficiência de chás e ervas ou
recursos dos remédios caseiros. As famílias careciam de dinheiro para custear
médicos, que eram raros e residiam longe.
Algum morador
ou viajante, da cidade à colônia, poderia introduzir germes de moléstias, que,
com limitadas condições higiênicas e permanente convivência com criações
conheceram a fácil proliferação. As epidemias e mortes causavam “pavores
comunitários” quando famílias, com algum contágio dum membro, conviviam com o
aparente abandono e isolamento. Alguma patologia, em horas, difundia aos quatro
quadrantes, quando os temores viram-se divulgados e instalados no meio
comunitário.
As
localidades, entre 1862 e 1930, tornaram-se “um vale de prantos” quando o
choro, lamentações, lágrimas... sucediam-se nas propriedades coloniais. A morte
era um “fantasma permanente”, quando pais enterravam o mais valioso nas suas
vidas – a própria carne através dos seus filhos. Os flagelos, em diversas almas
amarguradas, trouxe desânimo e desesperança, que auxilia a explicar os
suicídios. Os escritores de pastores, nos registros de óbitos, parca referencia
fazem aos sucedidos cotidianos dos moradores, que expressam as dores do
espírito...
A medicina
moderna, com campanhas de saúde pública, dedetização, introdução de
antibióticos e melhorias de condições higiênicas, reverteu o quadro de flagelo,
mas histórias dos ancestrais permanecem vivas dos dias derradeiros da
colonização. Queira Deus! Que outros “dias tenebrosos” jamais abatam-se sobre
as esbeltas colônias e o vale das lágrimas fique como registro dum passado
remoto.
Guido
Lang
Jornal
O Eco do Tirol, p. 03, edição 43
15
de outubro de 2005
Crédito da imagem: http://vivendoja.blogspot.com.br/
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