A mecanização, com a massiva aquisição
de tratores (e seus equipamentos), trouxe uma nova realidade produtiva
(às áreas das antigas colônias alemãs). As terras aráveis, com o
inchaço populacional e divisão massiva dos lotes, trouxeram uma situação
impensável: as lavouras hortas.
As sucessivas heranças/inventários,
depois de cinco a seis gerações de colonização, criaram uma infinidade de
lotes. Estreitas e compridas faixas, com o início na estrada
geral, estendendo-se, como tiras, na direção dos fundos/morros. Inúmeros
herdeiros, por carências monetárias ou querelas familiares, não chegaram a um
denominador comum na sucessão. Uns não queriam vender; outros acharam pouco os
valores ofertados; alguns constituíram chácaras... Propriedades bonitas, com
lavouras limpas e planas, viram-se fracionados (as dezenas e centenas). Os
herdeiros, nalgum momento dos inventários, ficaram com esparsas áreas. Lotes
iniciais, de uma família no início, abrigam na atualidade meia dúzia de
moradores. O punhado de tiras, como consequência, inviabiliza as possibilidades
duma boa/melhor mecanização.
Alguns agricultores/plantadores, com
os cada vez mais potentes tratores, precisam de grandes áreas/lavouras.
Os trabalhos vêem-se facilitados com os maquinários. A realidade ostenta-se adversa:
diminutas áreas. Os dispêndios, com manejo e tempo, revelam-se maiores nas meia
dúzia de metros de plantio. As estreitas faixas acabam cultivadas como roça.
Uma espécie de agricultura de jardinagem. O milho (à silagem) e as pastagens
(ao pastoreio) ganham a primazia dos investimentos. Outros espaços, isolados em
meio aos matos (reflorestamento), incorrem ainda na depredação das plantações
(pela fauna). Os custos, em meio às margens apertadas de lucro, mostram-se
acentuados para escasso retorno produtivo.
Lavouras, como hortas, vêem-se
disputadas nas baixadas e encostas (mais suaves). As máquinas, na prática,
encontram-se subaproveitadas (em função da carência de terras). Vários
moradores ostentam oneroso maquinário porém incorrem na falta de áreas/terras.
Alugar ou comprar aonde? No interior das exploradas localidades? Outros
áreas nobres acabaram ocupadas com eucalipto. Como agora devastar novamente em
área rural? Os dividendos/retorno da madeira não cobrem o custo de arrancar
tocos. Outros, com terras disponíveis, pouco caso fazem das culturas anuais (em
função de subsistirem nas atividades urbanas).
Os coloniais, de maneira geral,
mostram-se muito presos aos tambos. Querem e precisam do leite. Este, no final
de cada mês, dá o dinheiro necessário (à manutenção dos negócios). Outros
empreendimentos, nos retornos, ostentam-se demorados. Inúmeros coloniais
carecem de capital de giro para novas empreitadas. Precisar-se-ia repensar
certas culturas. Intensificar a produção nos poucos espaços com
plantações mais lucrativas e intensivas. Falo, a título de ilustração, em
iniciativas como hortaliças, flores, frutas... A experiência, em função do
apego ao tradicional e falta de estímulo a novas iniciativas, mantém-se nas
aves, gado e suínos. As irrigações precisam ser implementadas. A agricultura de
subsistência familiar, nestes termos atuais, encontra-se num dilema.
Inovar para sobreviver é o lema no
mundo global. Certos familiares conhecem-se somente na proposição de fazerem
seus inventários. Muita terra fértil, por razões diversas,
encontra-se subaproveitada. A progressiva urbanização expandiu-se
e estendeu-se sobre áreas nobres.
Guido Lang
Crédito da imagem: http://revistapetitpola.blogspot.com.br/2012/10/hortas-se-instalam-nos-colegios-da.html
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