Esta era a
denominação dos quadros esportivos improvisados nas colônias, quando a paixão
pelo futebol, nos idos de 1930 e 1950, chegou nas diversas paragens
teutonienses (situadas no Rio Grande do Sul/Brasil). Diminutos espaços planos,
nos pátios ou potreiros, viram-se transformados em quadras esportivas. As
bolas, inúmeras vezes improvisadas com panos, tornavam-se disputadas numa
desenfreada correria. Adultos, crianças e jovens, sem maiores aptidões e
habilidades esportivas, treinavam chutes e dribles, que, com estranhas bolas,
eram “tocados a base do bicudo (chute forte)”. Inúmeros cocurutos, pedras e
tocos vinham juntos na direção das goleiras, quando os competidores, com “sola
dura dos pés” com o desuso do calçado, faziam pouco caso de minúsculos
obstáculos esportivos. Os jogadores, advindos das encostas e vales do interior
das propriedades minifundiárias de subsistência, encontravam-se acostumados à
vida rude.
Estes, de
qualquer jeito, procuravam jogar bola, quando a brincadeira e passatempo
tornou-se uma obsessão. Os dias chuvosos, feriados, horários livres e finais de
semana eram esperados com ansiedade, porque, numa reunião de amigos, irmãos e
vizinhos, combinava-se um joguinho nalguma cancha pré-estabelecida. Quaisquer
quatro chinelos, estacas ou pedras (tiradas de cercas de pedra) dava para
organizar um campo, escolher no par e ímpar os quadros equilibrados e daí
correr atrás de uma bola. Os gritos, pedidos e risadas, num dialeto estranho
(hunsrücker) na América Portuguesa, ouvia-se a boas distancias, quando os
tradicionais baralhos, caçadas e visitas perderam importância.
Os treinos
fortuito, com os dias e meses, criaram habilidade com a bola, quando “os
arranca tocos” cederam espaço a jogadores. Estes, no decorrer dos anos, criaram
os quadros esportivos, que pipocaram nas colônias Boa Vista, Canabarro,
Catarina, Germana, Languiru, Pontes Filho, Schmidt, Teutônia... Os confrontos
domingueiros dos inúmeros quadros, tornaram comuns, quando domingo sem
confronto, parecia uma data desperdiçada.
Os primórdios
do esporte amador veio redimensionar o lazer nas colônias, no que o encontro
dos times, em partidas ou torneios, era o motivo do afluxo de moradores.
Saudosos tempos estes, quando jogava-se sem maiores delongas; achava-se graça
das jogadas esdrúxulas; torcia-se apaixonadamente pelo clube da localidade;
desconhecia-se ingressos, juízes de ligas, campeonatos onerosos... A ingenuidade
e inocência pareciam parte da alegria e felicidade colonial, quando a
mentalidade e os princípios existenciais eram outros.
Guido Lang
Jornal
O Eco do Tirol, p. 03, edição 49
26 de novembro de 2005
26 de novembro de 2005
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