quarta-feira, 25 de novembro de 2015

História da Escola Municipal Andrade Neves


O educandário, no situado do núcleo colonial do encontro da estrada geral da Boa Vista Fundos/Teutônia/RS – acesso às linhas Catarina, Germana (Fundos) e Boa Vista (Meio), integra biografia de centenas de evadidos e residentes. O ensino-aprendizagem, no decurso das décadas, exteriorizou arrojo e ciência dos habitantes. O registro, na classe de ex-aluno (1966-1972), visa eternizar memória comunitária.
A história, nas ocorrências relevantes, minuta passagens. O preceito de mutirão, na crônica das Memórias de Jacob Lang Filho, edificou módica sala. A paragem, na época Picada Catharina (na conexão dos fundos da Picada Boa Vista), foi colonizada em 1872. Os pioneiros, na nota do Livro da Colonização, foram Jacob Lang, Friedrich Kussler, Adolph Eggers, Jacob Dockhorn, Adam Eckert, Peter Hatje, Heinrich Damann, Claus Damann, Nicolaus Nielsen, Heinrich Hatje, Wilhelm Jung, Mikael Behrs, Heinrich Week, August von Scheren/Schewen... A escolinha, no centro colonial, viu-se edificada no ano de 1874. O colono e morador August von Scheren, na laia de antigo capitão de navio e instruído na língua nata, foi instituído docente.
Os professores, na subsequência, foram August von Scheren (1874-....), Gustav von Grafen (....-....), Heinrich Friedrich Wilhelm Sommer (1909-1917), Heinrich Dreyer (1918-1927), August Krützmann (1928-1930), Reinhold Antoni (1931-1938), Raimundo Brackmann (1939-1940), Werno Dreyer (1941-1942), Helmuth Kilpp (1943-1949), Erno Driemeyer/professor auxiliar (1948-1949), Edgar Wiebusch (1949-1970), Rejane Maria da Silva (1971), Leunira e Renata Morchbacher (1972), Maria Noemi Dietrich Blömker (1973-1985), Maribel Bayer Althaus (1986-2015).
Outras referências, na história, alistam-se no primeiro prédio de madeira e no segundo que foram edificados em pedra de arenito. O construtor, na casta de morador, foi Jacob Kettermann. O educandário viu-se escola particular (1874-1965) e municipal (1966-2015). A administração Elton Klepker/Silvério Lüersen ampliou prédio e investiu em telefonia. A Internet, na onda globalização, adveio em 2005... O ensino, no idioma em português (em avaria do alemão), implantou-se em 1939 (período da nacionalização e perseguição do Estado Novo).
A designação original fora Escola Particular da Linha Catharina (razão de confusão na idêntica na Linha Catarina). A denominação, na nacionalização, mudou para o patrono Andrade Neves (referência ao brasileiro ilustre José Joaquim Andrade Neves – militar e herói da Guerra do Paraguai). A instituição mantenedora, por bons anos, via-se a Sociedade Escolar Evangélica Três de Julho. Os conteúdos, no período de 1874-1936, eram na base dos cálculos (práticos), leitura e escrita.
As disciplinas, em boletim/ano letivo de 1944, incidiam em comportamento, atenção, aplicação, ordem, contas, leitura, português, gramática, civismo, geografia, caligrafia, ortografia, desenho, canto, ginástico e redação. A avaliação, em boletim/1971, era comportamento, aplicação, ordem, linguagem, matemática, estudos sociais, ciências naturais, religião, educação moral e cívica. Os castigos corporais, na força da palmatória, reguada e sovo, foram abolidos na prática educativa na mestra Rejane Maria da Silva (1971).
A escola, no mérito, educou o conjunto dos membros das jovens gerações. Os alunos, nas iniciais décadas, abarrotavam a sala. A realidade, na queda da taxa de natalidade das famílias e migração campo-cidade, ostenta-se exclusiva dezena de colegiais. O evento anual, na máxima expressão, mantém-se no Pinheiro de Natal. Os educandos, na ocasião exclusiva, conseguem reunir o conjunto de residentes (em torna das apresentações teatrais). Segue, na odisseia da linha, gloriosa sina Escola Municipal Andrade Neves.

(Guido Lang, Fragmentos da História Colonial, novembro/2015).

Crédito da imagem: http://saiadopilotoautomatico.com.br/

terça-feira, 24 de novembro de 2015

A biografia de Lothário Lang


A História, no chegado das grandes abordagens docentes, ignora a trajetória das pacatas pessoas. As biografias, no comum, passam na deficiência ou indiferença de registro. Os acanhados, no visível anonimato, delineiam epopeia das aldeias. Os modestos, no chão das fábricas e lavouras, afeiçoam edificar cidades, semear campos, resguardar sabedorias...
O historiador, na inquietação da genealogia e memória, procurou refazer o registro da obra e vida de Lothário Lang. O objetivo, no momento, incide em conservar biografia e reminiscência. Os descendentes, no futuro, terão seguramente interesse na narração e procedência. Os registros, no elaborado dos escritos, perpassam épocas e gerações.
Lothário, em 19/04/1927, nasceu dos pais Frederico Carlos Lang (1896-1950) e Paulina Eggers (1896-1933). As manas foram Lídia, Elma, Erna, Herda e Selmira. A geração constituiu quarta prole dos pioneiros (afluídos em 1847). As dificuldades, na velha Prússia e promessa de melhor subsistência, foram causas da evasão da Europa.
Os antepassados, na laia de agricultores, eram imigrantes modestos e ousados. O entusiasmo, no ofício, foi afeição às criações e plantações. A acomodação, na primeira estação, ocorreu na Picada Café/Colônia Alemã de São Leopoldo (1847) e transferência posterior a Picada Catharina/Colônia Teutônia (1872). Ele foi mescla entre prole dos hunsrüche e westfalianos.
Lothário, na idade dos quatro anos, perdeu mãe Paulina. A comoção, diante da desventura, contornou-o a ser livre pensador. O lamento, na ausência qualquer figura/imagem da genitora (foto), estendeu-se pelo cerne das vivências. A Escola Comunitária Andrade Neves, no alemão (1935) e português (1936-1939), ganhou formação. Os professores, na arte de calcular, escrever e ler, foram Reinado Antoni e Raimundo Brackmann.
A aspiração era de cursar medicina. A morte atrapalhou plano. A falta, em chances, conduziu na afeição de agricultor. A área, em quinze hectares (locados na Boa Vista Fundos/Teutônia/RS), cresceu no minifúndio. As culturas, no feijão, forragens, hortaliças, mandioca e soja, foram capitais. As criações, nas aves, bovinos e suínos, foram “ganha pão’’. O domínio, na fixação da Linha Catarina/Teutônia/RS, careceu de empilhar riquezas.
Lothário, na Segunda Grande Guerra (1939-1945), serviu de reservista (na segunda categoria, classe de 1927, no Tiro de Guerra 648 na Vila Teutônia). A mobilização, em 1945, ocorreu na razão de embargar à Itália (desfecho das hostilidades, em maio, tornou dispensável). O Tiro de Guerra conheceu o instrutor e mestre Idílio Vasconcelos (admirado na ciência, finura e manha). A perseguição, na interdição do dialeto do Hunsrück/alemão, fazia-se aferrada aos descendentes teuto-brasileiros.
Lothário, em 09/07/1949, casou com Annilda Strate (filha de Frederico Strate e Erna Jasper). Este, em 21/07/1927, foi batizado pelo reverendo Jonathan Stribel e casado pelo pastor Erich Wilhelm Ziebarth na Comunidade Evangélica Betânia da Boa Vista/Teutônia/RS. Os filhos foram Dario Frederico, Glaci e Guido Lang. O espírito prussiano, no rigor a faina, perpassou nas atividades e crenças.
As duas casas, no primeiro chalé de madeira (1949) e posterior alvenaria (1966), viram-se edificadas na força das economias e faina. Os princípios, no apego à ciência, dedicação, organização e persistência, constituíram guia da existência. A humildade e simplicidade, no cotidiano dos atos, foram modelo nos métodos.
A filiação, no associado, ligou-se as entidades: Cooperativa Regional de Eletrificação Teutônia (Certel), Cooperativa Regional Agropecuária Languiru, Comunidade Evangélica Betânia, Coro de Homens da Boa Vista, Sociedade de Coro Misto de Boa Vista Fundos, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Estrela/RS e Teutônia/RS, Associação Esportiva Avante... Lothário, na gestão da Cooperativa Mista Pontes Filho (1959-1963), fora tesoureiro da entidade.
Lothário, na doença (maio/1990), adquiriu Metástase de Câncer Brônquico. O vício, no cigarro, fora causa. O tratamento iniciou no Hospital Ouro Branco/Languiru/Teutônia/RS, Redentor/Canabarro/Teutônia/RS e Pavilhão Pereira Filho/Porto Alegre/RS. O óbito, por Insuficiência Ventilatória Aguda, ocorreu em 24/11/1990 no Hospital Redentor.
O velório, na Boa Vista Fundos/RS, ocorreu na residência. O afluxo, nas despedidas finais, foi do círculo de amigos e residentes. O enterro, no jazigo familiar no Cemitério Evangélico da Comunidade Betânia, ocorreu em 25/11/1990 (fora efetivado pelo ministro Yedo Brandenburg). Os relatos, nos arrojos e manhas, mantêm-se ativos na tradição oral.
O sereno ente, na paz do Senhor, descansa junto à esposa. O amor, na família, liberdade e trabalho, foram razão da existência. O acúmulo, no capital, advinha no plano secundário. As lições, na firmeza dos exemplos e ideias, norteiam os passos da descendência. A semente, no lançado ao solo fértil, produziu majestosos e ricos frutos.

(Guido Lang, Fragmentos da História Colonial, novembro/2015).

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quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Os segredos das moradas


Os colonos, na convivência da natureza, desenvolveram uma extensa astúcia e ciência. A ocorrência, nas propriedades, liga-se aos muitos aspectos das vivências. O artifício e lida, na edificação das casas, incluía destreza e princípio. A acertada escolha, no momento, sobreviria no resultado dos afazeres e condição de vida. A admiração e comento viam entre vizinhanças.
As residências, nos clássicos solares, foram instaladas nas encostas dos baixos cerros. A abundância, em água e radiação, incidia no gosto e negócio. A apropriada e fresca água torrente, na ingestão, caía na precisão e saúde. O sucesso, nas criações e irrigações (ocasionais dos jardins e hortas), dependia da abastança do fluido límpido.
A insolação, na inibição dos microrganismos e patologias, compreendia-se no delirante antídoto. Os animais domésticos, na farta exposição ao sol, ostentavam fácil ardor e incremento. Os irracionais, na rotação terrestre, acham-se ajustados no ciclo existencial. Os humanos, no encravado no compasso da natureza, auferem iguais acrescimentos e fortunas.
A morada, no incrustado da elevação, oferecia vantagem de ajeitar extenso porão. Os armazenamentos, no exemplo das ferramentas, sementes e tubérculos, adoram os recintos arejados e frescos. A ventilação, em função das brisas, adviria na pureza e qualidade do ar. As geadas, na probabilidade do cultivo de culturas tropicais, incidiam na mínima queima e rigor.
As eventuais moléstias, no despejo dos aguaceiros, poderiam facilmente ser evacuadas e lavadas. Os terrenos encharcados, no meio das criações e plantações, sobrevêm no impróprio dos cheiros e putrefações. Os animais e humanos, na época das precipitações, poderiam circular com facilidade pelas encostas e pátios escorridos.
A visão panorâmica, na observância da circulação, advinha no ingrediente das curiosidades e satisfações. Um fácil e rápido acesso, no trajeto da estrada geral e caminho da roça, mantinham-se igualmente outra figura e inquietação. Os arvoredos, no adereço do povoado, incidiam no habitual descampado e potreiro. Os olhares estendiam-se pelos dias.
Os coloniais, dentro das condições de escolha, avaliavam maior consideração de benefícios. As famílias, no usual, edificavam uma exclusiva e única residência. Os acertos deveriam incidir na maior cômputo. O agradável e belo ambiente, na magnitude e orgulho rural, sobrevinha em sinônimo de bem estar, felicidade existencial e sucesso profissional.
A calmaria e qualidade, na pacata existência, cultivam enigmas e manhas. As conversas informais, nos espaços das convivências, tratavam de ensinar e postergar ciências. Certas obras, nos vestígios dos materiais, subsistem aos tempos. As habitações, no implícito das ponderações, espelham apreços e aspirações dos habitantes.


(Guido Lang, Fragmentos da História Colonial, Ano de 2015).

Crédito da imagem: http://marusasaki.blogspot.com.br//2011/01/conheca-joinville-regiao-de-estrada.html

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

O escambo dos ancestrais


Os pioneiros, nos primórdios da instalação, advinham no problema do acesso aos mercados. O árduo trabalho, na devastação da selva, constituiu-se na instalação da agricultura minifundiária de subsistência. O fértil solo, na sucessão das safras, formou as farturas. As famílias, nas criações das relações sociais, advieram no ativo escambo. A amostra, em síntese, agia nos conformes. O beltrano, no bom solo, auferia na abastança da batata. O fulano, na banana, colhia usuais safras. O sicrano, nas criações, extraía fartas banhas... As partes, no entremeado das alianças e consanguíneos, trataram de improvisar trocas. As estirpes, na falta do poder de compra, supriam artigos básicos ao sustento. Um residente, nas sobras, tratava de dar ao outro e, as carências, angariar na permuta. A abastança, na base do aipim, arroz, batata, carnes, feijão e salada, insidia no unido das moradas. O paliativo, no problema dos transportes, caía na mercearia indireta. As precisões, na astúcia, cunham as invenções.

Guido Lang
“Fragmentos de Sabedoria”

Crédito da imagem: http://www.dominiquenutricionista.com.br/

terça-feira, 17 de novembro de 2015

O Vale da Promissão


O Vale dos Sinos, em 25 de julho de 1825, começou a tornar-se a terra anunciada para um conjugado de peregrinos. Os pioneiros, em meio ao embalo das águas do curso fluvial (na analogia do habitual Rio Reno), iam-se achegando as paragens. As canoas, caíques e lanchões, na elevação do Rio dos Sinos, foram introduzindo as famílias dos aventureiros.
A atividade, no dilema dos lotes, consistiu em abrir picadas, derrocar matas, disseminar lavouras... A exuberância, na floresta, chamou deveras admiração e preocupação. O risonho chão, na abundância dos férteis solos, ocultava as fortunas. Os persistentes afazeres, na falta da trégua no sol a sol, permitiram a obra da fartura de artigos.
O fecundo sucesso, em originais moldes, permitiu a geração de riquezas. A agricultura minifundiária de subsistência, nas competentes propriedades, viu-se inserida em terras meridionais. A labuta, no braçal e familiar, viu-se encarada na ação de decência e soberba. O Vale da Promissão, em escassos anos e sucessão dos séculos, tornou-se Vale da Abastança.
Os solos, no deitado dos séculos em berços esplêndidos, conheceram proveito e revolução. Os banhados, campos e encostas, cobertas do ativo cerrado, viram-se tomadas por lavouras, pomares, potreiros... As principiantes linhas, na associação colonial, pipocaram cemitérios, escolas, igreja, residências... A mão humana instituíra esplendor e prodígios.
As chaminés, de alteradas resoluções, insistiram em pipocar em cantos e recantos dos lugarejos. As atafonas, curtumes, ferrarias, moinhos, selarias, serrarias, na amostra, adentraram a dinamicidade econômica. As módicas iniciativas, no decurso das gerações, disseminaram os esteios do ativo e imponente parque industrial.
O marco, no preito ao trabalho, tornou-se alusão e narrativa. A gama de produtos, na fabricação industrial, difunde-se aos quadrantes. Novos vales, no modelo do Caí, Paranhana e Taquari/RS, foram desbravados nas proles ulteriores. As prestigiadas estirpes, na descendência dos desbravadores, nutrem obrigações da continuação da benzida obra.


(Guido Lang, Fragmentos da História Colonial, Ano de 2015).

Crédito da imagem: http://palavradoavivamento.blogspot.com.br/

terça-feira, 10 de novembro de 2015

O cemitério velho da Picada Capivara


A Picada Capivara/Colônia Teutônia/Estrela/RS, nos primórdios da colonização (1858-1908), teve instalado campo-santo. O idêntico, nas cercanias da escola comunitária, ocorreu na Picada Catharina (atual Linha Boa Vista Fundos/Teutônia/RS). O local, próximo à casa comercial de Ernst Hetzel (na estrada Linhas Boa Vista - Catarina), apareceu indicado a dedo.
A extensão, no presente, revela-se adotada pelo aturado cerrado. A floresta, na mata rejuvenescida pluvial subtropical, retomou lugar original. Os resquícios, em obeliscos e pedras, ostentam-se testemunha das vivências dos pioneiros. A desativação, na junção provável das Comunidades da Boa Vista, Capivara e Catarina (parcial), adveio na constituição da Comunidade Evangélica Bethânia (Boa Vista/Teutônia/RS). Os ministros leigos, na expressão de Gustav von Grafen e Heinrich Beckmann, atendiam estirpes abrigadas nas paragens.
A inspeção, no ocasionado pela curiosidade, inspirou a pesquisa. Os enterrados, na compressão particular, mereceriam registros nas genealogias. Os entes, em função da consideração comunitária, mereceriam uma referência na saga da colonização. O enigma, no parcial, viu-se resolvido na consulta aos registros de falecimentos. 
O Livro de Falecimentos da Comunidade Evangélica Bethânia, nos apontamentos de Heinrich Beckmann, consta: Número 12 – Johannes Rasche, nascido em 24/06/1896 e falecido em 27/07/1896 na Picada Capivara, testemunhas foram os pais (Jacob Rasche e Lina Hatje), enterro efetivado pelo pastor e professor Heinrich Beckmann em 29/07/1896, causa da morte foi dispepsia (má digestão ou doença provável dela). Número 18 – Hannibal da Silva, nascido em 05/07/1896 e falecido em 09/07/1896, na Picada Capivara, testemunhas foram os pais (Antônio Vasco da Silva e Karolina Maria da Silva), enterro realizado por Beckmann em 10/08/1896.  Número 64 – Heinrich Brugmann, profissão marceneiro, nascido em março de 1841 em Kiel, falecido em 30/10/1904 na Picada Capivara, testemunha do falecimento foi Claus Damann, carece de nome dos pais, enterro realizado pelo pastor Beckmann em 31/10/1904. Número 65 – Jacok Johann Rasche, profissão colono, nascido em 05/01/1865 em Feliz/RS, falecido em 30/10/1904, na Capivara, pais foram Theodor Rasche e Maria May, enterro concretizado em 31/10/1904 por Beckmann. Número 67 – Heinrich Hetzel, nascido em 11/08/1905 e falecido em 12/08/1905 na Picada Capivara, testemunhas do falecimento foram os pais (Ernst Hetzel e Petersine Heinrichsen), enterro realizado em 14/08/1905 por Beckmann. Número 84  – Alma Jasper, nascida em 03/10/1906 e falecida em 05/09/1907 na Picada Capivara, testemunhas foram os pais (Wilhelm Jasper e Auguste Brandenburg), enterro realizado por Beckmann em 07/09/1907. Número 86 – Klara von Grol, nascida em 20/04/1907 e falecido em 07/04/1908 na Capivara, testemunhas do falecimento foram os pais (Heinrich Friedrich von Grol e Lina Hatje), enterro realizado por Beckmann em 08/04/1908. Número 87- Amanda Baumgardt, nascida em 23/07/1902 e falecida em 15/08/1908 na Capivara, causa da morte: sarampo, testemunhas foram os pais (Karl Baumgardt e Karolina Dhein), enterro realizado por Beckmann em 16/08/1908...
A relação, no registro de Beckmann, conclui com o funeral de Amanda. O cemitério, no possível, vê-se desativado. A desativação, no admissível, tenha ocorrido na morte do pastor e professor Heinrich Beckmann. O ministro formado Karl Sick, na Comunidade Evangélica Bethânia, careceu de obrar na necrópole. Os parentes, na dimensão dos fenecidos, foram relegando cemitério. A vegetação, no vivo aumento, foi reocupando ambiente. Outros falecidos, na precisão de exame das crônicas comunitárias, primam pelas lembranças.

(Guido Lang, O Informativo de Teutônia n/ 129, dia 05/02/1992, pág. 02. Texto reescrito).

Crédito da imagem: http://www.unaflor.com.br/

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

A saga do Arroio Vermelho

O riacho, no fluxo da linha da Boa Vista Fundos/Teutônia/RS, delineia andanças e narrações. O trajeto, em beirados seis quilômetros de extensão, inicia nas encostas dos Morros da Bela Vista e Catarina. A água, em baixadas e nascentes, brota confortante no meio das matas e roças. As propriedades, na direção leste - oeste, viram-se instituídas na ascensão das demarcações nos primórdios da conquista (1858 a 1872). A animália, na criação e fauna, acerta no acesso ao indispensável e precioso fluido. A mão humana, no parco tempo da instalação (lotes), instituíra modificações no panorama da selva pluvial subtropical.
Os cardumes, nas poças d’água, faziam contínua alegria e folia dos residentes. Os habitantes, em inventados banhistas e pescadores, visitavam beiras e canal. A gurizada, no sabor das folgas, esquadrinhava os filetes e reservatórios do regato. Os espaços aprofundados, em cacimbas, eram abundantes e variados em espécies. Os apreciadores, em exóticas carnes, trataram de contrair os graúdos entes. Os relatos, na mostra exagerada das mãos, caem de unidades de beirados de quilos. A história de quem conta um conto aumenta um ponto. Os balneários, em dias infernais de calor, faziam alacridades e brincadeiras das meninadas.
As espécies, em protótipos de cascudos, joaninhas, lambaris, jundiás e muçuns, advinham no exacerbado cômputo. O ambiente característico, em máximo volume, incidia na ponte da estrada geral. Os arranjados pescadores, nos lugares exclusivos, conheciam os espaços das coletas.  Alguns, em balaios e sacos, ensejavam parciais arrastões. A natureza, na amplitude dos nutrientes, tratava no escasso tempo de recompor populações. Os açudes, no alastrado das propriedades, trataram de introduzir carpas, prateadas e traíras. Os aguaceiros, na egressão das águas, faziam unidades safar-se das barragens e represas.
A modernidade, no advento da colocação de saibro (na estrada de chão batido) e uso desenfreado de agrotóxicos nas lavouras, minaram abastança e variedade. As antigas banais poças, no leito, acabaram aterradas e suprimidas. Os viveiros, nos difundidos aquários, advieram em pérolas. As águas, na descida dos cerros, incidem poluídas em tóxicos e urinas. Os parcos peixes, em especiais cascudos e lambaris, descrevem nostalgias dos tempos de antigamente. As tecnologias, na larga produção no ativo das diminutas áreas dos domínios, advêm na danificação. Os rejuvenescidos, nas beiradas, incidem em matagal e silvicultura.
O curso, no epílogo das trompas d’água dos aclives, descreve histórias de enchentes. O leito maior, em minutos, apresenta acentuados volumes e submergem margens. Os amontoados, em folhas, galhos e madeiras, tomam direção do Arroio Boa Vista (afluente do Rio Taquari). A fúria, na semelhança de decurso de rio, faz reocupar aterrado leito. O avermelhado, na coloração das águas, dá origem ao título. O curioso, no conjunto dos solos de massapê, flui na bizarra tonalidade. A fragrância, na massiva putrefação (dejetos vegetais), oferecia alcunha de Arroio Fedorento. A ocorrência, na baixa vazão, advém na seca de verão.
O patrimônio ambiental, no anexo do pacato lugarejo, seguirá alistando pitorescos contos. Arroio Vermelho, no decurso do tempo, segue famosa sina entre regatos. A consciência humana, no unido das gentes, redimensionará desventuras e reavaliará valor.

(Fonte: Guido Lang, novembro/2015, observação: residente nas cercanias).

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

A cantoria satânica

A Boa Vista Fundos/Teutônia/RS-Brasil, como picadas circunvizinhas, eram habitadas por bandos de macacos, que, entre inúmeras outras espécies, eram moradores efetivos da milenar Mata Subtropical Pluvial. Estes, nas caladas dos dias, faziam um barulho infernal, quando os bugios avermelhados e pretos impunham medo pelos gritos. Os bichos faziam assobios e guinchos fortes, que salientavam-se nas épocas do prenúncio das chuvas. Os animais, ao longo das trilhas da picada ou roça, impunham temores aos humanos, invadindo e ocupando seu secular hábitat das altíssimas e centenárias árvores da gigante e milenar floresta. As paragens solitárias, com o horizonte a perder de vista, complementava-se com outras fobias, que advinham das “feras do mato”. Estas, entre outras, constituíam-se de aranhas, cobras, jaguatiricas, porcos-do-mato...
A cantoria dos macacos era mais intensa nos morros, quando os gritos ecoavam pelos quatro quadrantes do Vale do Arroio Vermelho. Algumas ressonâncias davam impressão de macabros concertos, quando a algazarra dos símios, em momentos crescia, formando um aparente coro satânico. Alguns moradores importunavam-se com a cantoria, enquanto outros achavam graça. Os humanos cedo constituíam uma sabedoria com este canto, que ocorrendo significava chuva em aproximados três dias. As culturas, sobretudo as bananeiras e mamões, viam-se visitados, no que faziam um consumo generalizado. Alguma surpresa dos bichos, num aparente descuido humano poderia suceder-se, no que os animais, estendidos nalgumas folhas de vegetal, atiravam excrementos. Eles adoravam o espaço dos altos galhos das volumosas árvores, que tornava difícil apanhá-los ou repreendê-los; procuravam colocar guarda na razão de proteger-se de forasteiros e predadores inconvenientes.
Os rurais desconhecem as causas do desaparecimento dos animais, que atribuiu-se a devastação da mata, migração na direção dos resquícios de floresta e sucessivas pestes. Os macacos, em épocas, apareciam mortos nas lavouras ou matos, enquanto os urubus davam-se o trabalho de digeri-los. O rejuvenescimento da floresta promete uma nova aurora à espécie, que promete sua presença em arroios, encostas, morros e vales teutonienses.
Guido Lang
Jornal O Eco do Tirol, p. 03
10 de setembro de 2005

terça-feira, 3 de novembro de 2015

A lenda do Lago Vulcânico


A tradição colonial fala-nos da existência de um lago vulcânico, que existiria no topo do Morro Staggemeier (Staggemeiersberg). Este, com os seus 360 metros de altitude, situa-se entre as localidades da Boa Vista Fundos, Capivara, Pontes Filho e Catarina. O depósito da água seria fruto de uma cratera, que teria se originado da chaminé de um extinto vulcão. O fenômeno teria ocorrido dum trabalho geológico de milhões de anos, quando nossa litosfera conheceu fúria da natureza. O espaço, na atualidade, seria uma fonte de abastecimento de animais e aves, que habitariam as proximidades.
O Morro dos Staggemeier é um recanto ímpar, porque, a distâncias, sinaliza as pacatas localidades circunvizinhas. A história, na prática, revela-se uma criação da imaginação. O tempo, através de séculos, de intempéries, preencheu o buraco da antiga chaminé. Um discreto plano, próprio para acampar e vislumbrar as maravilhas dos vales do Arroio Boa Vista e Vermelho, viu-se tomado pela vegetação arbórea. Alguém inclusive deu-se o trabalho de transplantar um eucalipto, que, em função do sufocamento, não vingou; outros cravaram crateras na ânsia de procurar metais preciosos; um e outro efetuou sinais nas árvores com razão de assinar sua passagem pelo lugar...
A elevação, na sua magnífica imponência, esconde o passado da história geológico da terra, quando, nos tempos da Revolução Federalista (1892 – 1894), serviu também de refúgio a perseguidos políticos (entre maragatos e pica-paus). O silencioso morro mostra-se adormecido, quando, outrora, “cuspiu fogo” pelas cercanias. Este, na atualidade, parece apreciar o trabalho colonial, quando, mãos calejadas, fazem o torrão prosperar. As belas lavouras, de cereais, forragens e matas reflorestadas, somam-se a formosura do cenário colonial, que mescla facetas da maravilha da criação divina e humana.
Morro Staggemeier! Ostente tua formosura e onipotência; enaltece tua beleza e fascínio, desperte a curiosidade e paizão pela esplêndida visão dos vales rurais.
                                                                                                 
Guido Lang
Jornal O Eco do Tirol, p. 03
30 de julho de 2005

Crédito da imagem: http://www.alunosonline.com.br/geografia/vulcoes.html


segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Enunciados fúnebres

ANNILDA STRATE

“Na minha angústia clamei ao Senhor e ele me ouviu”.

Nasceu em 24/09/1917, na Boa Vista do Meio/Estrela/RS, filha de Frederico Strate (1886-1964) e Erna Jasper (1891-1970), avós: Karl Heinrich Strate (1859-1905) e Lisette Schröer (1862-1944), Wilhelm Jasper (1862-1930) e Augusta Brandenburg (1869-1938). Casou-se com Lothário Lang, mãe de Dário Frederico, Glaci e Guido. Foi agricultora e moradora da Boa Vista Fundos/Teutônia/RS, falecendo em 17/06/2007, por Insuficiência Múltipla de Órgãos na residência.

            “Descanse em paz junto aos seus ancestrais! Acreditamos no reencontro vindouro na eternidade! O teu exemplo norteará nossas ações e gerações”.


LOTHÁRIO LANG

“Tudo tem seu tempo determinado e há tempo para todo propósito debaixo dos céus”.

Nasceu em 19/04/1927, na Boa Vista Fundos/Estrela/RS, filho de Frederico Carlos Lang (1886-1950) e Paulina Eggers (1896-1933), avós: Frederico Guilherme Lang (1857-1936) e Regina Stahlhöfer (1867-1933), Heinrich Wilhelm Eggers (1865-1909) e Katharina Bock (1864-1910). Casou-se em 09/07/1949 com Annilda Strate e teve Dário Frederico, Glaci e Guido Lang como seus filhos. Foi agricultor e morador na Boa Vista Fundos/Teutônia/RS, falecendo em 24/11/1990 por Insuficiência Ventilatória Aguda no Hospital Redentor (Canabarro/Teutônia/RS).

            “A gente não morre quando deixa exemplos e ideias. Descanse em paz e tenha certeza de missão cumprida”.


Nota do Autor: Annilda e Lothário encontram-se enterrados no Cemitério Evangélico da Comunidade Betânia/Boa Vista/Teutônia/RS.