Guido Lang
O processo de ocupação ocorreu em três etapas: o primeiro período ocorreu entre os anos de 1862 a 1868, quando foram colonizadas as picadas situadas ao sul da Colônia Teutônia, isto é, as terras situadas à margem esquerda do Arroio Boa Vista. Constituía-se na área mais plana, formada pelas picadas Hermann, Glück-auf, Nove Colônias, Posses, Catarina e Boa Vista. Colonizou-se, neste período, somente as picadas de Hermann, Glück-auf e Boa Vista. Destacaram-se neste empreendimento de colonização os colonos teuto-brasileiros ou imigrantes alemães que, inicialmente, tentaram estabelecer-se na área da antiga Colônia Alemã de São Leopoldo. Estes foram atraídos pela propaganda da fertilidade das terras (solo massapê — muito valorizado antes do advento dos adubos químicos), assim como pela informação da boa administração da colônia e na tentativa de fazer uma colonização, principalmente, com evangélicos luteranos (que sentiam-se perseguidos com os acontecimentos dos Mucker e o espírito da Contra-Reforma com a chegada dos jesuítas). Estes colonos iniciaram propriamente a colonização, ao contrário do que querem fazer algumas bibliografias tradicionais. Verificou-se nesta ocupação, uma colonização mista, pois afluíram teuto-brasileiros e imigrantes das mais variadas procedências. Instalaram-se nos lotes, que tiveram uma extensão de uma a duas colônias (100.000 a 200.000 b2).
A segunda fase ultrapassou o Arroio Boa Vista, isto é, abrangeu as terras situadas a sua margem direita. Foram ocupadas as picadas Frank, Welp, Clara, Schmidt e Neuhaus (atual Teutônia Várzea) assim como Posses, Nove Colônias e parte da Catarina (lotes nº 1 a 10) da margem esquerda. A ocupação ocorreu a partir de 1868 a 1875, quando a influência dos colonos teuto-brasileiros das velhas colônias foi menor. Predominaram os colonos westfalianos, que tinham imigrado a partir de 1868. Posses foi uma exceção, pois foi forte a influência luso-brasileira e africana (tinha existido, provavelmente, um quilombo próximo à área, por isso a presença acentuada). A comercialização e ocupação destes lotes foi rápida, isto é, em menos de uma década vendeu-se toda a área. A característica dos prazos é que ficaram menores (média de 100.000 b2) e as terras começaram a ficar acidentadas (devido à presença de morros testemunhos em Clara, Schmidt, Harmonia, Teutônia e as encostas ou cuestas do Planalto Meridional). A extensão das picadas (linhas) igualmente reduziu-se e estas localizavam-se no centro da Colônia Teutônia.
A última etapa ocorreu no espaço compreendido de 1876 a 1885, quando foram desbravadas as picadas do norte da colônia. A área engloba os terrenos acidentados das encostas do planalto, que dificultaram a agricultura (favorecem na atualidade a instalação de aviários, devido ao clima ameno). Foram colonizadas as picadas: Moltke, Köln, Berlim, Huch ou Krupp, Bismarck, Arroio Secco, Frederico Guilherme, Horst e Silveira Martins. Predominou uma colonização homogênea de colonos westfalianos, que tiveram inicialmente, sérios obstáculos em meio aos morros, para alcançar a prosperidade. O tamanho dos prazos reduziu-se ainda mais (média de 40 a 60.000 b2), assim como das picadas (de 10 a 20 lotes de terras). A área abrange atualmente, a parte norte do município de Teutônia/RS e sul de Imigrante/RS.
Teutônia foi colonizada, portanto, num espaço de três décadas, nas quais predominaram os colonos provenientes da Westfália, seguidos dos pioneiros das velhas colônias.
*Texto extraído do livro “COLÔNIA TEUTÔNIA (1858-1908)", de GUIDO LANG.
* É PROIBIDA A REPRODUÇÃO INTEGRAL OU PARCIAL DO TEXTO SEM A MENÇÃO DA REFERIDA FONTE (LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998).
* Postagem: Júlio César Lang.
* Crédito da imagem: Moradores da Picada Schmidt/Westfália/RS jogando baralho. Aparece, terceiro jogador da direita para esquerda; Karl Heinrich Strate - Ano 1890 (Foto: Gentileza - Guido Lang).
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