Guido Lang
Os colonos desenvolveram um amplo conhecimento e sabedoria, que liga-se aos diversos aspectos existenciais. A arte e o trabalho de edificar as residências coloniais não fugiu a regra, quando ganhou uma atenção e preocupação especial.
Estas foram preferencialmente instaladas nas encostas de algum cerro ou colina, no qual sucediam-se abundância de águas e radiação solar. Uma boa e fresca água corrente era uma necessidade básica ao consumo, no qual dependia também o sucesso das criações. A insolação era compreendida como excelente meio terapêutico, quando inibia a ação de bactérias patológicas. Os animais domésticos, com abundante exposição solar, pareciam ostentar um maior e melhor desenvolvimento e vigor, quando tem um ciclo vital muitíssimo ajustado a rotação terrestre. Os humanos integrados ao ritmo da natureza, pareciam auferir de idênticos benefícios.
Uma moradia, incrustada nalguma elevação, oferecia a vantagem de apresentar amplo porão, no qual podia-se armazenar sementes, guardar ferramentas, ostentar espaços frescos (nos dias de excessivo calor)... A ventilação, nalguma utilidade, senão maior, quando a qualidade do ar seria melhor assim como as geadas seriam menos rigorosas. Eventuais moléstias igualmente poderiam ser facilmente evacuadas com as águas das chuvas, quando também não haveria os terrenos encharcados. Os animais e humanos, no período de precipitações, poderiam circular com maior facilidade nos pátios. A visão panorâmica era outro ingrediente básico, quando poder-se-ia acompanhar e controlar a movimentação das cercanias. Um fácil e rápido acesso, a partir do caminho geral e das estradas de roça, igualmente mantinha-se noutra inquietação.
Os coloniais, dentro das condições da área, levavam em consideração o maior número de benefícios auferidos, quando constantemente, na vida, edificava-se uma exclusiva e única moradia. Um agradável e belo ambiente e cenário residencial, como na atualidade, era compreendido como bem estar social, felicidade existencial e sucesso profissional. A longevidade e tranquilidade de vida tinha seus enigmas e sabedorias, que, nas conversas informais, passavam através de gerações.
Guido Lang – Escritor, historiador e professor
Fonte: Revista Vitrini (Campo Bom/RS), número 34, setembro de 1997, página 13.
Crédito da imagem: http://g1.globo.com
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