Guido Lang
As histórias de tesouros enterrados deixaram muita gente com “a cabeça virada” fazendo com que passassem noites sem dormir em função dos pensamentos direcionados ao enriquecimento fácil.
Este fato aconteceu num remoto interior onde um transtornado mental cavoucou imensas crateras. Os buracos, depois de décadas de existência, são a efetiva comprovação do sucedido. Enormes pedras, retiradas com um esforço sobre-humano, espalham-se pelas lavouras e são outra comprovação da labuta inútil, que absorveu dias, semanas, meses de trabalho de um pacato morador.
Um colonial “encheu a cabeça” de um humilde senhor, que vivia falando sobre tesouros e sonhando com eles. Este era obcecado pelo assunto e suas conversas prediletas relacionavam-se aos achados. Inúmeros relatos eram mais fantasias e ilusões, porque achados fáceis sucedem-se unicamente com muita casualidade e sorte. Pouquíssimas pessoas, num contexto de milhões, parecem ter o privilégio de desfrutar de descobertas de artefatos ou metais com valores monetários significativos, pois quase ninguém costuma enterrar riquezas.
O modesto cidadão rural, depois de falar muito sobre o tema dos objetos preciosos, ouviu uma versão da existência de metais preciosos na sua pacata localidade. Este, de imediato, iniciou as escavações sem delimitar a área e abria crateras sem maiores critérios. Um buraco ali, outra cratera lá, iam tomando forma. O indivíduo procedeu dessa forma por um bom tempo, pois tinha certeza absoluta do sucesso. O cansaço e as necessidades de sobrevivência diária venceram-no, mas não foi fácil fazê-lo desistir da ideia da procura inútil. Os moradores coloniais deram-no como louco, mas poucos batalhavam tenazmente para concretizar suas aspirações e sonhos absurdos.
Cada louco alimenta as suas fantasias e manias.
(Texto extraído de “Contos do Cotidiano Colonial”, página 87, de Guido Lang).
Crédito da imagem: http://g1.globo.com
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