domingo, 16 de junho de 2019

A fuga do combatente maragato

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Guido Lang

A Colônia Teutônia (atual Teutônia/RS), em 15 de maio de 1894, conheceu seu maior combate, quando tropas federalistas (conhecidas como maragatos) e republicanas (conhecidas como pica-paus), degladiaram-se na Revolução Federalista (1893-1895).
Centenas de homens enfrentaram-se sobre a ponte do Arroio Boa Vista (entre Glück-Auf e Neuhaus – atual Languiru e Teutônia Várzea), onde os revolucionários federalistas entrincheiravam-se na residência de Júlio May (quartel-general) e moradias circunvizinhas.
Os maragatos, conhecendo o tamanho da tropa governamental, passaram a fugir, sem disparar o primeiro tiro, em direção aos matos. Os tiros dos pica-paus assumiram a semelhança duma chuva em direção aos fugitivos, que foram abonando arreios, bagagens, cavalos e munições aos inimigos. Quatorze combatentes, em meio ao combate de Teutônia, tombaram mortos. Dois eram governamentais e doze, maragatos.
Os federalistas, curando as feridas e desorganizados nos matos, passaram a ser caçados como animais, com razão de abandonarem o quartel-general teutoniense.
Estes, depois de meses de acampamento e inúmeros atos de pilhagem, assim como do incêndio de diversas casas comerciais, precisaram procurar novas bases.
Diversos combatentes, depois de dias de esconderijo, necessitaram “colocar o pé na estrada” com a finalidade de reaglutinar-se e reencontrar-se com seus simpatizantes.
A tradição oral conta-nos a história dum federalista que bateu esfomeado numa residência colonial.
Soldados republicanos ainda estavam no seu encalço, pois almejavam abatê-lo ou eventualmente prendê-lo.
Este, em meio ao maior pavor e estado deplorável, chegando na moradia, solicitou água e pão. A família atendeu prontamente ao pedido do inimigo, quando o revolucionário retomou fuga. Os perseguidores, minutos depois, chegaram e pediram informações. Relatou-se sobre sua passagem, mas ignorou-se sua direção e o solicitado por ele.
O maragato era um ser humano, por isso não merecia ser caçado como animal.
O colonial não nega um pedido de água e alguma comida a forasteiros, que, costumeiramente, são recebidos amistosamente.

(Texto extraído de “Contos do Cotidiano Colonial”, página 87, de Guido Lang).

Crédito da imagem: https://www.extraclasse.org.br/cultura/2013/04/chimangos-x-maragatos/

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