Pacatos
colonos, extraviados entre encostas, morros e vales das inúmeras localidades,
realizavam um trabalho insano. Estes, a partir de 1970, levam um novo colorido
ao cenário colonial, quando as áreas agrícolas, outrora roxas no período de
plantio, ganharam um verde definitivo.
Um
trabalho silencioso, praticado no cotidiano dos dias semanais, encheu de
árvores as antigas lavouras. A acácia e o eucalipto, numa floresta reflorestada
e rejuvenescida, cobre o cenário das roças, que, numa labuta braçal, foi duro
conquistar pelos pioneiros. O antigo chamado dos bois, no empenho da aração ou
transporte de carroça, deu espaço ao ronco de motosserras, que extraem
dividendos do plantio de mato. As fumaças, nos cantos e recantos, vêem-se subir
no interior das propriedades, quando utilizam a matéria-prima à fabricação do
carvão vegetal. Caminhões, volta e meia, cortam as estradas coloniais ou
comunitárias, no que vêem-se carregados de madeira.
O
tamanho da odisseia aprecia-se a partir de alguma encosta, quando um verde de
árvores estende-se por quilômetros. Um quadro real da mudança de ciclo
econômico, no que o minifúndio ganhou novos ares. As culturas anuais,
praticadas por décadas, caíram no desleixo diante da inovação e mecanização
agrícola, quando as encostas de morros e pequenas propriedades não puderam
competir com os latifúndios do Brasil Central. Uma visão indescritível há
décadas para aqueles que tiveram o privilégio de conhecer a pujança agrícola do
passado. Os novos tempos acompanham o rejuvenescimento da fauna, que, com
abundância de matas, ganham novo alento e refúgio.
Os
plantadores, através de intensiva procura nos viveiros, não finalizaram sua
façanha, quando novas áreas, a cada safra, conhecem o cultivo arbóreo. O
comércio da madeira promete ser um negócio bilionário, quando os asiáticos
precisam de matéria-prima, a sociedade de papel e o mundo de ar. O Vale do
Taquari faz sua parte na recomposição da natureza.
Guido Lang
Jornal O Eco do Tirol, p. 03
01 de outubro de 2005
Crédito da imagem: http://agrobrasiltv.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário