As dificuldades de
sobrevivência, por volta do ano de 1868, foram muitas na Westfália/Prússia. Os
impostos eram extorsivos em relação aos baixos rendimentos. O Estado nacional alemão,
em formação, precisava de recursos para fazer frente às guerras de unificação
(de Bismarck contra a Áustria em 1864, Dinamarca em 1866 e França em 1870). O
recrutamento militar era obrigatório e temido. O excessivo crescimento
populacional tornava os recursos financeiros escassos. A falta de terras
aráveis, às camadas pobres, um problema econômico-social. Os latifundiários concentravam
os solos e agregados e semi-escravos viam-se comuns. A falta de
oportunidades, a propaganda da abundância de terras na América, a substituição
do trabalho artesanal pelo mecânico foram outras causas do êxodo...
As levas de despossuídos
queriam uma ocasião para o pessoal procurar novas oportunidades
de ascensão econômica e abandonar a Alemanha assim como conferir as
“notícias da fartura americana”. Estas apareceram com o pastor evangélico Johann Friedrich Wilhelm
Kleingünther. Este veio ao Brasil e conheceu, em 1866, a próspera Colônia
Teutônia. Resolveu, consciente das dificuldades de vida de muitos dos
seus conterrâneos, espalhar a “boa nova”. As cartas da fertilidade do solo, das
facilidades de compra de terras, abundância das riquezas naturais (caça,
madeira e pesca), clima ameno e da colonização de evangélicos luteranos em
Teutônia criaram uma espécie de febre de emigração.
Estas notícias, conforme Klaus Becker em "I Colóquios de Estudos
Teuto-brasileiros", pág. 222 e 223, fez com que em 14 de agosto
de 1868 viesse a primeira leva de colonos westfalianos. Eles vieram do Rio de
Janeiro a Porto Alegre com o vapor “Proteção”; eram em número de quarenta e uma
pessoas e conhecidos do pastor Kleingünther. A leva, de Porto Alegre a Taquari,
foi embarcada no dia 20 de agosto de 1868. O trajeto de Taquari a Teutônia,
através dos campos selvagens e matos, foi percorrido com carretas e carroças de
mulas pelo carreteiro e comerciantes/diretor da colônia particular Karl Arnt.
A relação dos pioneiros
foram Heinrich Howeler e esposa, Heinrich Eggers e
família, Elisabeth Eggers, Ernst Hachmann, Friedrich
Liede, Wilhelm Schonhorst e família, Wilhelm
Hasenkamp e Friederike Brockmann, Friedrich
Brockamp, Friedrich Neuhaus e esposa, Hermann
Pohlmann e Wilhelmina Neier, Friedrich Wilhelm
Knebelkamp e esposa, professor primário Johann Heinrich Behne e
família. Outras levas, entre os anos de 1868 a 1872, seguiram e trouxeram
aproximadas trezentas famílias.
Os colonos
vieram principalmente de lugares como Lengerich, Tecklenburg,
Ostenberg, Kappeln, Landbergen, Lotte, Osnabrück, Gaste, Westerkappeln,
Leeden... Estes, na Colônia Teutônia, constituíram uma colonização homogênea.
Os pioneiros instalaram-se primordialmente nas picadas Franck, Neuhaus, Schmidt,
Clara, Krupp, Frederico Guilherme, Berlim, Moltke... Os moradores introduziram
o dialeto do sapato de pau, que mantém referência a sua habilidade de
confeccionar e usar o sapato de pau (em função das dificuldades econômicas e
rigores do clima).
Os imigrantes westfalianos
destacaram-se pelas atividades e entidades culturais. As escolas comunitárias
pipocaram assim como os esteios dos templos religiosos. O canto coral,
sociedades de tiro, grupos recreativos e de leitura bíblica tornaram-se comuns
no seio colonial. Uma instituição, muito conhecida, foi criada pelos
ex-combatentes das guerras de unificação. Tratou-se da Sociedade dos Atiradores
da Linha Clara/Teutônia.
Os elementos westfalianos
sobressaíram-se pelo espírito produtivo. Excepcionais criações e plantações
invadiram o espaço da outrora aparente impenetrável floresta. O instinto de
econômico e trabalhador são aspectos salientes no cenário comunitário e
os municípios resultantes, das suas iniciativas, destacam-se nos
elevados índices de desenvolvimento humano. Algumas localidades, num cenário
ímpar, parecem abrigar cidades de aviários, chiqueiros e tambos.
Fonte: Guido Lang, O
Informativo de Teutônia n° 18, dia 25.11.1989, pág. 02 (texto
reescrito).
Crédito da imagem: http://www.panoramio.com - Foto da Prefeitura de Westfália/RS
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