sábado, 26 de dezembro de 2020

AS BRILHANTES ÁGUAS DO RIACHO (EM TEUTÔNIA/RS)



Guido Lang

As águas calmas e límpidas de um córrego cortavam uma pacata comunidade colonial. Um colorido original, proveniente das pedras cristalinas, vinha do fundo daquelas águas, que assumiam inúmeras cores.
O avermelhado, azulado, esverdeado, como exemplo, chamavam a atenção dos forasteiros e moradores, porque este excepcional cenário geográfico parecia esconder algum valor monetário.
Diversas pessoas, com a “cabeça virada”, em relação ao enriquecimento fácil, visitavam aquelas paragens com o intuito de extrair alguma riqueza mineral. As visitas sucediam-se, principalmente, nos feriados e finais de semana, quando eles peneiravam as águas e o solo daquele riacho. Muitos, sob o argumento da pescaria, andavam, às margens daquele curso fluvial, com o objetivo de achar e levar algumas amostras daquelas rochas. Outros, protegidos pelo mato das periferias, escondiam-se em meio à vegetação com a finalidade de não “cair na gozação comunitária”. Alguns caçavam nas circunvizinhanças do escorredor natural, mas ficavam antenados com eventuais achados de pedras.
Inúmeros “garimpeiros”, esporadicamente, procuravam os estudiosos de minerais e compradores de pedras preciosas com o desejo de oferecer amostras. Estes, de antemão, conheciam a origem daquele material, que era proveniente do lento esfriamento da lava vulcânica.
Um industrial, com intenção de confeccionar bijuterias e joias, ofereceu alguns centavos pelos exemplares catados no leito daquele regato, no entanto, não pagava o pesado ônus da extração.
Os seres humanos, fascinados pelos diamantes, esmeraldas e ouro, parecem nunca assimilar a lição do insumo da garimpagem. Diversos elementos, cedo ou tarde, caem na mesmice rotineira do enriquecimento fácil a partir da extração de minerais.

* Texto extraído de "CONTOS DO COTIDIANO COLONIAL" (2000), página 79, de GUIDO LANG.

* Edição: Júlio César Lang.


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