terça-feira, 31 de dezembro de 2019
O vigilante plantador
Guido Lang
O agricultor, em atento observador da mãe
natureza, antecipou-se aos habituais “desígnios de São Pedro”. O santo, nos
ares da primavera, costuma “abrir as torneiras e, no posterior, costuma esquecê-las
de fechar”. Os desabrigados, com as enchentes, disseminam-se nas cidades. As lavouras,
em propícia época de cultivo, mostram-se encharcadas nos terrenos. O plantio,
na abóbora, aipim, feijão, milho, acorrem inviável ao cultivo. O astuto, inspirando-se
na orientação dos antigos, planta nos primórdios de setembro. O anterior, na
chuvarada, visa ganhar tempo. O risco, na falta do devido aquecimento do solo,
consiste em perder parte das sementes e trabalho. Os cultivos, no avanço dos
mormaços, costumam trazer dividendos. Os prenúncios, em sinais de chuva, eram
avaliados criteriosamente e daí o cultivo ser efetuado anteriormente as
precipitações. Os morosos, na demora da execução, sobrevinham na lamúria da
impossibilidade dos plantios. O tempo
próprio, em quaisquer circunstâncias, requer mãos na obra (em alocar as
sementes no solo).
Livro: Ciência dos Antigos
Crédito da imagem: http://www.outralentejo.org/galeria/portalegre_terra-lavrada/
O testemunho de época
Guido Lang
Os pioneiros, em “inço importado da Europa”,
descansam nas cinzas dos cemitérios. Eles, nos primórdios das instalações das
propriedades, labutaram no manejo das pedras. Os cercados, em potreiros, ganharam
centelhas das fortalezas. O trabalho, no judiado e paciencioso, consistiu em
quebrar unidades de pedras grês. As peças, arrastadas ou carregadas no “muque”
(na força física), foram divisadas no espaço. Os cercados, em forma de curais,
abrigavam “bicharedo” das propriedades. Os animais, em aves, bovinos e suínos,
circulavam soltos pelos cercados. O curioso, ao estudioso, liga-se ao estudo
dos encaixes. As pedras, em graúdas ou miúdas, ganharam empilhamento detalhado.
A altura, em média de um metro e vinte centímetros, abrigou as sólidas no
externo da base e as pequenas no interior da construção. A obra, nas cercas de
pedras, parece desafiar os desígnios do tempo. O labor, no interior de inúmeras
linhas, descreve os vestígios de uma civilização. O apreciador, nas entrelinhas, aprecia a ciência e espírito.
Livro: Ciências dos Antigos
Crédito da imagem: https://www.portaldasmissoes.com.br/site/view/id/1423/cerca-de-pedra-da-epoca-dos-escravos.html
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