segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Grafen e Beckmann - Pseudopastores na Colônia Teutônia


Teutônia, localizada a 120 km de Porto Alegre/RS, foi fundada, numa iniciativa particular, pelo comerciante atacadista Carlos Schilling. O empreendedor, em 1858, adquiriu quatro léguas quadradas de terras devolutas, quando, em 1861, constituiu a “Empresa Colonizadora Carlos Schilling, Lothar de la Rue, Jacob Rech e Guilherme Kopp e Companhia”, responsável pela colonização. A ocupação, em 1862, prosperou com a afluência de povoadores protestantes (luteranos), que vieram, sobretudo da Colônia Alemã de São Leopoldo e regiões do Hunsrück, Pomerânia e Wesfália/Prússia. Os colonos, após instalados nos lotes, buscaram conservar estradas/picadas de entrada, constituir campos-santos, edificar escolas/igrejas e formar associações de canto.
O acolhimento pastoral, em 1866, iniciou com Johann Wilhelm Kleingünther. O religioso, a partir de Porto Alegre e em duas ocasiões anuais, fazia atendimento espiritual. O professor Ernst Janfrüchte, de 1869 a 1873, substituía-o nas ausências. O mestre escola tornou-se o primeiro professor da Colônia (em Glück-auf – atual Canabarro/Teutônia/RS), quando movimentou os residentes para edificar, ao lado de Karl Arnt, a escola-igreja. Ferdinand Häuser, em 1873, sucedeu Kleingünther no serviço pastoral e Wilhelm Hasenack (1890-1911) sobreveio depois de Häuser. O afluxo constante de famílias e alta taxa de natalidade alargaram os imperativos de ministros formados, que eram “peças raras”. Os habitantes, ante as circunstâncias, apelaram aos educadores leigos Gustav Adolf von Grafen e Heinrich Beckmann. Os dois, no passar do tempo, acabaram destacados como prelados ativos.
O místico Grafen, conforme Livro de Batismos e Casamentos (1873-1907), atuou em diversas picadas. As linhas, entre outras, sobressaíram-se Boa Vista, Katharina (Catarina), Schmidt, Arroio da Seca, Berlim, Bismarck, Novo Paraíso, Estrela, Conventos (Lajeado) e Colônias de Brochier e Maratá. Este, no absoluto, realizou 148 consórcios e 2.500 batizados; os dados, em funerais, completaram no provável extraviado. A biografia registra: nasceu em 09/10/1836 em Halle/Saale, como filho de Theodor e Maria Henriette von Salden; imigrou aos Estados Unidos da América, lutou na Guerra da Secessão (1860-1865) e chegou ao posto de oficial; transferiu-se por volta de1868 ao Brasil; instalou-se inicialmente em Lomba Grande/Colônia Alemã de São Leopoldo. Casou em 11/11/1872 com Catharina Dickel. Migrou em 1870 para Colônia Teutônia; iniciou em 12/08/1873 no pastorado com o batizado do próprio filho Adolf Gustav. Faleceu em 28/09/1908 em Teutônia/Estrela/RS e foi sepultado no Cemitério da Picada Neuhaus/Teutônia Várzea e depois transferido ao cemitério da Picada Welp.
Heinrich Beckmann, conforme os livros de batismos, casamentos e óbitos das Comunidades Evangélicas Bethânia/Boa Vista e Sião/Frank, iniciou no pastorado no batismo de Heinrich Friedrich Wessel. Exercia primeiramente o ofício de agricultor, professor e regente (coro). A deficiência de pastores formados, na demasia de afazeres de Kleingünther e Häuser, levou a substituí-los. Beckmann trabalhou nos locais: Colônia Teutônia, Santos Pinto, Santa Manuela, São Pedro de Maratá, Poço das Antas e sedes de Estrela e Taquari. O profissional, entre 1884 e 1911, atingiu um total de 402 enterros, 422 casamentos e 3.074 batizados. As citações biográficas narram nascimento em 12/12/1852 em Gaste/Osnabrück/Hannover (Alemanha), filho de Kaspar Heinrich Beckmann e Dorothea Juliane Johanne Surkamp. Imigrou em 1871 no Brasil com a família; casou em 10/02/1880 com Catharina Wilhelmine Wiebusch; instalou-se como povoador na Boa Vista e tornou-se professor da Escola Comunitária da Boa Vista (atual Escola Municipal Bento Gonçalves) e regente do Coral Frohsinn (Boa Vista). Faleceu em 04/07/1911 e descansa (sem maiores menções ao serviço) no Cemitério Evangélico da Boa Vista. Beckmann, como curiosidade histórica, tornou-se avô de Ernesto Geisel (Presidente da República); a filha Lydia casou-se com Augusto Geisel (pai do mandatário).
Os pastores Grafen e Beckmann careceram de achar barreiras geográficas no Vale do Taquari; deslocaram-se, em lombo de cavalo e em meio aos atoleiros das estradas/trilhas de mato (picadas), na razão de objetivar atendimento, consolo espiritual e satisfazer bradado do Senhor. O trabalho pastoral tornou-se auxílio imprescindível aos precursores. Os pioneiros viviam isolados na selva; confrontaram-se com achaques, feras, insetos, répteis... Os ministros foram ferramentas da “Palavra do Senhor”, lançando os alicerces, a partir da Colônia Teutônia, de diversas comunidades livres (no exemplo da Boa Vista, Franck, Arroio da Seca, Novo Paraíso, Estrela, Brochier, Maratá...). As respectivas ligaram-se ao Sínodo Riograndense e, na união dos quatro sínodos, tornaram-se partes da IECLB. Grafen e Beckmann, como pacatos colonos-professores, foram avultadas lideranças, por meio do Espírito Santo, como guias e portadores divinos. Eles souberam cumprir com zelo a árdua tarefa de difundir a mensagem cristã e difundir os germes de várias entidades evangélico-luteranas.

(Guido Lang, Anuário Evangélico - Ano 1995, pág.119 a 121).

Crédito da imagem: http://www.calendariobr.com.br/

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